24 de Março de 1973. Um grande anúncio de jornal promovia uma nova colecção de livros de bolso que saíam semanalmente, resultado de uma associação entre algumas grandes editoras. E o slogan era esse: «quem não lê... Chapéu!» Implícito estaria uma associação entre a leitura regular de livros e a sofisticação intelectual que seria a ambição (de parecer) dos leitores do Diário de Lisboa. E não só: recordo-me de ver este mesmo anúncio em televisão. O slogan popularizou-se. Ganhou uma conotação maliciosa, como aqui contei. Hoje os tempos estão muito mudados. Quem não lê não se incomoda nada com isso. E não se importa sequer de o manifestar com sobranceria. Aquilo que sabe vem de audiovisuais, vê televisão e a sofisticação intelectual que ambiciona é a de equiparar-se a estrelas dessa mesma televisão, como, por exemplo, Cristina Ferreira ou Georgina Rodriguez que, como se lê abaixo, «nunca fez "cocó num avião comercial"». «Por esta é que ninguém esperava». O mundo está a dar uma grande volta: em vez de ler as biografias ou memórias dos famosos, ficamos suspensos por saber das suas caganitas ou cagalhões...
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