As fotografias que se publicaram da cerimónia da assinatura deste último acordo entre a Arábia Saudita e o Irão, mediado pela China, são espectaculares, parecem plenas de simbolismo. As reacções dos órgãos de informação deste lado de cá do Mundo dividem-se entre as apreciações mais entusiásticas e outras apreciações mais prudentes. Estas parecem-me muito mais consistentes: é melhor esperar para ver o que acontece de concreto. O Médio Oriente é uma região conhecida por ter responsáveis políticos que assinam muito facilmente tratados que depois permanecem letra morta. (Exemplo recente: o plano de paz gizado por Jared Kushner, genro de Donald Trump, em Setembro de 2020, envolvendo Israel e alguns países do Golfo, foi declarado letra morta seis meses depois de assinado) A acrescer a isso, sabe, quem acompanha os assuntos da região com outra profundidade, que a Arábia Saudita e o Irão mantêm uma rivalidade e uma clivagem profundas desde há décadas, de um nível idêntico às que separam Israel dos seus vizinhos árabes, e que ultrapassá-las não será tarefa fácil para os dois rivais signatários (para melhor compreender essa rivalidade sugere-se a leitura do livro abaixo de 2020). Considerando isto e, por muito que a China seja a novidade da equação, aparecendo pela primeira vez a protagonizar uma iniciativa nesta região e desta dimensão, manda a experiência que nos mantenhamos prudentes quanto à evolução dos acontecimentos.
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