16 março 2023

O PORTA MOEDAS DO AVÔ BONDOSO...

Depois da Geringonça, passámos a dever a inventividade de Mário Centeno um novo modelo de funcionamento das finanças públicas em Portugal. Desde finais de 2015, elabora-se e aprova-se formalmente um Orçamento, mas aquilo que estiver lá estabelecido não serve para nada, porque há uma espécie de pai severo (o ministro das Finanças) que cativa a despesa. O verbo chave é precisamente esse: cativar. No papel a verba pode ser despendida, na prática, não. Os resultados têm sido notáveis do ponto de vista da redução da despesa pública - o ministro das Finanças exulta: Impressionante! Só que às vezes as coisas não correm bem, quando se torna patente à custa de quê se conseguem esses resultados. Foi o caso evidente do recente episódio da insubordinação de parte da tripulação de um navio da Marinha, por alegada falta de condições do navio. E é aqui que chegamos ao ponto principal desta história. O sistema implantado permite que o primeiro-ministro apareça nestes percalços como uma espécie de avôzinho bonacheirão que contraria a severidade paterna e descativa as verbas para alegria da pequenada! Veja-se a notícia do Público no lado esquerdo, acima. Quem a ler em pormenor percebe que aquilo que é sugerido em título não é o que consta do corpo da notícia. Afinal a decisão de António Costa dos 39 milhões já fora tomada no princípio deste mês e dá-se apenas a coincidência - judiciosamente aproveitada - dela hoje ter sido publicada em Diário da República, tanto mais que o navio no centro da polémica nem sequer será um dos contemplados. Mas o melhor do artigo será mesmo a fotografia escolhida, onde se pode apreciar a expressão prazenteira e de bonomia do primeiro-ministro com os navios por trás... Digam lá se não poderia ser a imagem do avô traquinas que acabara de tirar o porta-moedas e nos dar dinheiro para comprar o gelado que os pais não queriam que nós comêssemos?...

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