17 de Março de 2003. Visto a esta distância de 20 anos, parece assentar a conclusão que a Cimeira das Lajes terá sido uma mera operação de relações públicas, em que a administração republicana de George W. Bush quis mostrar à opinião pública americana que não estava isolada internacionalmente, quando anunciava a sua intenção de invadir o Iraque. Para a ocasião, houve certas figuras da política europeia que se prestaram a fazer de figurantes nessa operação de relações públicas. Qualquer dos três figurantes europeus aparecia ali por razões muito próprias e confrontando-se com resistências severas nos seus próprios países. Por exemplo, Robin Cook, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico demitia-se naquele mesmo dia por causa do alinhamento com os Estados Unidos. E a solidariedade recíproca também não imperava: num gesto de humilhação pública para com Durão Barroso a imprensa espanhola referia-se ao encontro como Trío de las Azores, pondo de parte, insultuosamente, o anfitrião português. Passados 20 anos, se, do outro lado do Atlântico, sempre se notou uma certa indulgência para com a conduta de Bush, deste lado nunca se terá perdoado a qualquer dos figurantes: Aznar, Barroso e Blair.
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