A forma como alguns canais noticiosos - a SIC Notícias e a CNN Portugal, pelo menos - cobriram este incidente de ontem, foi uma completa vergonha. Logo a circunstância de começarem a dar a notícia sem identificarem sequer de que avião se tratava, terá provocado um estouro de receios em todas aquelas pessoas que tivessem familiares e conhecidos a viajar de avião naquele preciso momento. A ajudar ao pânico, assistiu-se a uma luta titânica em pleno directo entre quem queria explicar e reduzir o incidente às suas devidas proporções* - uma deficiência mecânica que impediria o avião de prosseguir viagem - e quem queria puxar pelo lado trágico do acontecimento, com muitas imagens de bombeiros e de ambulâncias no aeroporto de Lisboa, prontos para o que desse e viesse. Na recta final e com mais sorte, a CNN Portugal bateu a SIC Notícias, porque uma das suas repórteres, Mariana Rebelo Silva viajava no avião em causa. Na notícia da página da CNN lemo-la a congratular-se «por ter passado uma mensagem de tranquilidade». É que «havia familiares e amigos dos passageiros em pânico»! E é sempre bonito uma jornalista ajudar a acalmar o pânico que havia sido criado deliberadamente pelos seus colegas de redacção!... Em suma, e sem ironia, isto é jornalismo de sarjeta.
* Dois dias antes, acontecera algo muito semelhante a um avião da TAP (um voo transatlântico que não pudera prosseguir por deficiência mecânica), onde, por sinal, a deficiência mecânica era mais séria, já que se tratara da perda de um motor.
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