17 junho 2022

«FORMATOS» JORNALÍSTICOS PARA DISFARÇAR UMA DERROTA EVIDENTE

17 de Junho de 1982. Vale a pena analisar o método como um jornal comunista português - o fiel Diário de Lisboa - notícia os acontecimentos que se seguiam à derrota argentina na guerra das Malvinas. Se o conflito acabou e o seu desfecho foi evidente, mas porque o jornal havia torcido pelos argentinos derrotados, o melhor parecia ser mudar de assunto e especular interrogativamente se os americanos - sempre eles! - não estariam interessados numa base militar - mais uma?! - nas Malvinas... A questão era até endossada por uma hipotética preocupação brasileira! Contudo, levar a sério este estratagema - enquanto se escreve sobre estes disparates, não se prestaria atenção a coisas mais sérias - implicava que o leitor não fizesse a mínima ideia onde se situavam as Malvinas, um dos sítios mais remotos do Mundo! (mapa abaixo) Qual seria o interesse americano em criar uma base militar naquele sítio onde-judas-perdeu-as-botas, isso o jornal não explica. Os brasileiros preocupados também não... Em contrapartida, para o fim do artigo ficou outra questão: a de saber se a junta militar argentina estaria à beira da queda? Por acaso, estava. O general Leopoldo Gualtieri, que a encabeçava, demitiu-se no dia seguinte... Talvez esse é que devia ter sido o assunto para destacar na cobertura, não sei, digo eu, que não era (nem sou) jornalista.

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