01 maio 2022

O CABEÇALHO, OS FACTOS E A VERDADE

Há o cabeçalho do Público e depois há os factos. E, se a jornalista sabe por um lado que «perto de 800 médicos e pouco mais de 1800 enfermeiros deixaram o SNS nesses dois anos e não regressaram.» (São esses os 2.500 médicos e enfermeiros do cabeçalho), também está informada que «Apesar desta realidade, “o número total de médicos especialistas registou um aumento de 1210 efectivos, assim como o número total de enfermeiros sofreu um aumento de 4473 profissionais”». Na verdade, e porque não se desmentem os números adiantados pela ACSS, afinal "Há mais 5.700 médicos e enfermeiros no SNS" e isso poderia ser um outro cabeçalho da notícia. Mas isso seria ser-se rigoroso com os dados obtidos, e o jornalismo, já se sabe, não tem nada a ver com isso. Trata-se de fazer um serviço a quem a notícia interessa redigida deste modo, alimentando-a com os preconceitos dos leitores. Teoricamente, haveria ainda a possibilidade de reclamar para o provedor do leitor daquele jornal, mas para quê, não é verdade?... Não é apenas o jornalismo ser um joguete de interesses, é a mediocridade de o ser, e ser feliz assim.

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