Mário Soares, Portugal Amordaçado, 1972, p.457 (edição portuguesa de 1974)
20 de Maio de 2002. Há precisamente 20 anos Timor Leste tornava-se independente. 30 anos antes disso (1972), Mário Soares, no seu livro Portugal Amordaçado, avaliara os desejos para a auto-determinação dos seus habitantes da forma que se pode ler acima: ««...Timor, que é uma ilha indonésia com bastante pouco a ver com Portugal.» Humilhando ainda mais as considerações completamente superficiais de Mário Soares em 1972, o percurso dos timorenses depois da ocupação indonésia (1975), estavam as circunstâncias dificílimas, únicas de sofridas, que haviam conduzido a nova nação de Timor à primeira independência formal do século XXI. Entre as celebrações da independência de Timor cabe esta referência à superficialidade de Mário Soares. Excelente nos instintos, de uma mediocridade confrangedora em tudo o que envolvesse reflexão. Era o seu estilo, simples: inspirando-se no que acontecera com as possessões portuguesas na Índia em 1961, Mário Soares tirava umas pelas outras e prognosticava também ali a anexação da colónia portuguesa de Timor Oriental pelo grande vizinho... Ficara escrito, mas, para o engrandecer, faltou ouvi-lo depois - e teve 30 anos para isso! - confessar que se enganara redondamente. Há grandes figuras da nossa História que nos aparecem atranvacadas de pequenezas destas nas suas grandezas.
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