A 7 de Maio de 1922 e 50 anos depois, a 7 de Maio de 1972, o Diário de Lisboa afixava nas suas páginas de publicidade uma lista de automóveis em segunda mão para venda. É um exercício engraçado compará-las, às listas, apreciar como evoluíra o comércio automóvel nesses 50 anos, tendo como referência adicional outro hiato de 50 anos, aqueles que entretanto transcorreram de 1972 para cá. As marcas das viaturas da lista de 1922 (esquerda) são, na sua maioria, uma incógnita desconhecida: Darracq, Hudson, Studbaker, Brasier, Horch, Hupmobile, e ainda há mais outra meia dúzia de marcas igualmente desconhecidas. As marcas da lista de 1972 são-nos mais familiares, embora, aqui e ali, ainda surjam marcas entretanto desaparecidas: Triumph, NSU, Vauxhall. A lista mais antiga é também mais rica em informação, detalhando a potência dos motores (ridícula - escassa - pelos padrões actuais) e também a capacidade das viaturas (ridícula - excessiva - pelos mesmos padrões actuais). Uma limousine Belahaye anunciava uma potência de 11 HP para transportar até sete(!) passageiros. Imagine-se: podia impressionar pela imponência mas devia arrastar-se; mesmo assim, era uma das viaturas mais caras do catálogo - 44.000$. Uma das surpresas da comparação é a evolução dos preços dos automóveis nesses 50 anos. Em 1922 a variação de preços vai dos 8.000$ aos 45.000$; em 1972 vai dos 20.000$ aos 110.000$, o que indicia uma evolução global do índice da moeda de 2,5 nesses 50 anos. Ora isso representará uma inflação anual média na ordem dos 1,85%, um valor surpreendentemente baixo para tantos anos, com alguns ciclos económicos tão turbulentos.
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