01 maio 2022

O MASSACRE DE PORTELLA DELLA GINESTRA E A «BATALHA DOS TINTEIROS»

1 de Maio de 1947. Na Sicília, tem lugar um ataque a tiro a uma coluna de 400 manifestantes comunistas que se encaminhavam para uma celebração do 1º de Maio (a cena acima é uma reconstituição para o filme «O Padrinho» de 1972). Do ataque resultaram 11 mortos e 27 feridos. Os atacantes foram identificados como pertencentes a um bando de marginais armados, encabeçado por um fora da lei chamado Salvatore Giuliano. Foi esta a versão apresentada pelo ministro do Interior, Mario Scelba (democrata-cristão), no dia seguinte, na sessão da Assembleia Constituinte italiana. Com isso, o ministro queria descartar o cenário que tivesse havido uma motivação política para o ataque. Mas a tese veio a ser fortemente contestada durante a sessão pelo líder regional comunista siciliano Girolamo Li Causi, considerando que o episódio fora patrocinado pela máfia local, que tivera mandantes por detrás, e que tudo o que acontecera se enquadrava na grande batalha política que então se travava na ilha. Os ânimos exaltaram-se e, no dia seguinte a um episódio tão sangrento, os deputados constituintes italianos participaram num enorme episódio caricato e muito pouco digno do que discutiam, quando cerca de 200 deles (dos 556 parlamentares) se envolveram numa generalizada cena de agressões, pancadaria e arremesso de objectos, um episódio embaraçoso que recebeu o nome (nada digno, mas apropriado) de batalha dos tinteiros. Este último episódio foi um dos primeiros a robustecer uma certa reputação de expressividade excessiva dos parlamentares de Itália (as imagens abaixo mostram aquilo que apenas terá sido um arrufo).
A nossa tradição parlamentar não tem, felizmente, nada a ver com isto. Mas parece-me que o deputado André Ventura está empenhado em que venha a ter...

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