24 maio 2022

A «INTELIGÊNCIA» QUE SE ENGANOU REDONDAMENTE SOBRE PORTUGAL

Este exercício de pegar num Henry Kissinger cada vez mais velho e degradado - à beira de completar 99 anos! - e atribuir-lhe a autoria dos recados sobre política internacional que se querem passar a outros é um processo irritante, ao vê-lo tão repetido. Claro que, na versão oficial, Henry Kissinger está mais lúcido do que nunca. Claro que, o exercício não se confronta com questões pertinentes, como a de questionar esta insistência nas opiniões alegadamente atribuíveis a Kissinger, quando há seis outros antigos secretários de Estado norte-americanos, mais novos e mais lúcidos, para exprimirem as suas opiniões sobre os problemas correntes de política internacional: James Baker III (1930), Condoleezza Rice (1954), Hillary Clinton (1947), John Kerry (1943), Rex Tillerson (1952) e Mike Pompeo (1963). (E então sobre académicos americanos que sejam especializados em política internacional, a lista é mesmo infindável.) E, finalmente, claro que no caso específico português (acima protagonizado pelo exercício de maria-vai-com-as-outras do jornal Observador), Kissinger foi o protagonista que, mesmo nos seus anos de poder e de lucidez (1973-77), se enganou redondamente quanto ao desfecho da Revolução portuguesa. Foi você que pediu a opinião de Henry Kissinger?...Eu também não, que ela não merece confiança.

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