Porque não havia edição naquele dia, só no dia 2 de Maio se podiam ler notícias sobre as celebrações do dia do trabalhador que haviam ocorrido no 1º de Maio. A data havia sido solenizada com cordura por todo o operariado da capital. O comício, realizado no parque Eduardo VII, fora muito concorrido e era já classificado como tradicional. Com duas carroças improvisara-se no alto do parque uma tribuna, onde discursaram vários oradores. Se fosse hoje, o destaque teria ido para a ocasião em que o presidente declarara que se encontravam sobre a mesa duas credenciais de dois delegados do partido comunista que desejavam falar, o que ele não podia permitir. Como não houvesse mais oradores inscritos, encerrar-se-ia o comício. Nessa altura estabelecera-se grande burburinho e entrechocaram-se os apartes violentos entre comunistas e cegetistas (CGT - Confederação Geral do Trabalho). Esboçaram-se vários conflitos pessoais no meio de uma enorme confusão. As carroças que servem de tribunas aos delegados da USO (União de Sindicatos Operários) e representantes da imprensa foram invadidas por vários comunistas que, sem qualquer consideração para com os repórteres, saltaram para cima da mesa onde eles trabalhavam, pretendendo discursar. Manifestamente, os comunistas daqueles tempos históricos ainda não sabiam como lidar com a imprensa, e saem deste episódio com a sua reputação muito "chamuscada". O PCP era então um partido novo, com pouco mais de um ano de existência, que, como se vê, já se "destacava" nas "lutas dos trabalhadores", embora o fizesse lutando contra outros trabalhadores. Creio que recuperar e evocar estes episódios embaraçosa e convenientemente "esquecidos" é a melhor maneira de responder a mentiras tão descaradas...
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