09 maio 2020

SÍTIOS ONDE OS "PRETOS" ATÉ «PODIAM» VOTAR, MAS AI SE UM DELES SE ATREVESSE...

9 de Maio de 1960. Nos Estados Unidos, o Procurador-Geral William P. Rogers (1913-2001, e que no vídeo acima vemos a tomar posse do cargo em Outubro de 1957), utiliza a recém aprovada Lei dos Direitos Civis (que entrara em vigor três dias antes, fotografia acima), para solicitar os cadernos eleitorais de quatro condados de outros tantos estados segregacionistas do Sul dos Estados Unidos: Alabama, Carolina do Sul, Geórgia e Louisiana. Em qualquer desses quatro condados, que se percebia terem sido seleccionados a dedo, registava-se a constatação que, apesar da população negra constituir a maioria da população local, não havia um único negro habilitado a votar! (Dados do censo de 2000: Wilcox, Alabama - 72% de população negra; McCormick, Carolina do Sul - 54%; Webster, Geórgia - 47%; East Carroll, Louisiana - 69%). Repare-se que esta iniciativa em prol dos direitos civis dos negros tem lugar ainda sob a administração republicana do presidente Eisenhower. É uma iniciativa cuidadosa, estudada: a repressão aos direitos cívicos dos negros estava disseminada por todo o Sul dos Estados Unidos, mas Washington d.C. apenas ataca exemplos emblemáticos de uma situação disseminada por todo o sul e que a evolução das circunstâncias tornam insustentáveis. A minoria negra prepara-se para explodir. Repare-se sobretudo que tudo isto - a começar pelas várias Leis dedicadas aos Direitos Civis 1960, 1964, 1968 - está a ter lugar quase cem anos depois do início da Guerra de Secessão (1861) que supostamente havia sido travada à volta da controvérsia da questão da escravatura. Mas os estados sulistas não quiseram perceber o muito discreto recado que Eisenhower lhes mandava.

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