25 maio 2020

A EVACUAÇÃO ISRAELITA DO SUL DO LÍBANO

25 de Maio de 2000. Cumprindo uma promessa eleitoral do primeiro-ministro Ehud Barak, o exército israelita evacua todas as posições militares que ocupava no sul do Líbano. As imagens acima exibem o tradicional regozijo exuberante que as populações árabes daquela região tanto gostam de fazer, para satisfação dos operadores de câmara das televisões para ali destacadas. Neste caso, as imagens até são consistentes com o resto. Os israelitas haviam ocupado aquela região-tampão desde a sua primeira invasão do Líbano em 1978 (Operação Litani), já ia para 22 anos. As populações libanesas locais professam maioritariamente o xiismo e eram, por isso, insuspeitas de grandes simpatias pelos ocupantes israelitas, uma antipatia que era, de resto, recíproca. A grande força político-religiosa (e também militar, que naquele país tudo isso está associado) no Líbano meridional era o Hezbollah, apoiado pelo Irão. Contudo, aqueles que Israel consideraria os inimigos prioritários eram a Síria (que também ocupava outra parcela do Líbano) e a OLP. Esta é uma retirada, cuja promoção do facto de ter sido o cumprimento de uma promessa eleitoral de Barak, ilude o problema de que, nem Barak, nem o seu muito mais agressivo rival Ariel Sharon, sabiam o que fazer depois de 22 anos na posse de um território-tampão que só lhe tinha trazido chatices (a começar pelas resoluções da ONU e a acabar nas iniciativas das guerrilhas locais), e nenhuma vantagem substantiva na mesa das negociações. Sem a exuberância dos árabes, a suspeita é que os israelitas também deviam estar muito aliviados, que por ali ninguém dá nada a ninguém se, em alternativa, puder ser vendido ou trocado. E todavia o tempo veio demonstrar que fora uma má opção para os israelitas - em 2006, já eles estavam de volta ao sul do Líbano, só que a realidade militar mudara sobremaneira.

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