07 maio 2020

O TRATADO DE MOSCOVO QUE OS RUSSOS RAPIDAMENTE NÃO CUMPRIRAM

Há pelo menos uma meia dúzia de Tratados de Moscovo. O que hoje aqui se evoca, que foi assinado há precisamente cem anos (7 de Maio de 1920) entre a Rússia Soviética e a Geórgia Democrática não serviu para nada, pelo menos do ponto de vista dos georgianos que queriam garantias de segurança face às tradicionais ambições expansionistas do seu grande vizinho. Note-se que os signatários deste Tratado eram dois governos de esquerda, os bolcheviques russos e os mencheviques geórgios. Nos seus dois primeiros artigos podia ler-se:

Artigo I:
Partindo do direito, proclamado pela República Socialista Federativa Soviética da Rússia, de todos os povos à livre autodeterminação até e inclusive a separação do Estado em que constituem uma parte, a Rússia reconhece sem reservas a independência e soberania do Estado da Geórgia e voluntariamente renuncia a todos os direitos soberanos que possa ter a Rússia no que diz respeito ao povo e ao território da Geórgia.

Artigo II:
Partindo dos princípios proclamados no Artigo I acima do presente Tratado, a Rússia se compromete a abster-se de qualquer tipo de interferência nos assuntos da Georgia.

Na prática, Lenine e os dirigentes soviéticos limparam o rabo a todo este palavreado: uns escassos nove meses depois, em Fevereiro de 1921, invocando os pretextos mais absurdos e aplicando a superioridade militar, os russos ocuparam a Geórgia e forçaram o país a integrar-se na União Soviética. Até 1991. Pelas razões históricas à vista, depois disso, na Geórgia acredita-se em relações e equilíbrios de força e não em qualquer compromisso da Rússia.

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