09 dezembro 2019

COMO CONVERSAR ACERCA DE LIVROS QUE NÃO SE LERAM

«Com tantos livros por aí, e milhares a serem publicados todos os anos, o que é que podemos fazer naquelas situações sociais inevitáveis em que nos vemos forçados a falar sobre livros que não lemos? Pierre Bayard é de opinião que, na verdade, não importa que tenhamos lido ou não um livro (aliás, em certas situações, tê-lo lido é até a pior coisa que se pode fazer). Defendendo as diversas formas de "não ler", "Como conversar acerca de livros que não se leram" é uma celebração dos livros, para a apreciação de todos aqueles admiradores de livros, para que gostem, reflictam, argumentem e talvez mesmo os leiam.» Apesar da paródia descarada, o livro existe mesmo, embora a versão original seja francesa (2007). E eu não o li. Mas tudo isso pouco importará, porque nem pretendo falar do que contém. O que me interessa é assinalar a época em que, em conjunção com o almoço de Natal da empresa, o levar as crianças ao circo (ou à festa de Natal), o assistir-se ao Natal dos Hospitais na televisão, se consagrou haver um momento no tradicional programa sobre cultura em que o(s) convidado(s) erudito(s), armado(s) em professor Marcelo, recomenda(m) uma profusão de livros como prendas de Natal, um momento sempre estranho, do qual nos fica aquela impressão difusa que uma boa percentagem das recomendações nem foi lida, e que outra percentagem, se o foi, foi-o mas na diagonal.

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