Paris, 18 de Dezembro de 1944. Sai para as bancas a primeira edição do jornal Le Monde. Trata-se de uma recomposição do panorama jornalístico francês (e especialmente parisiense), que, depois do engajamento pelo colaboracionismo da maioria dos títulos de grande circulação (Le Petit Journal ou Paris Soir), fora completamente destruído após a Libertação. Os jornalistas precisavam de comer e o Le Monde, aparecido nas instalações de um outro jornal entretanto desaparecido, Le Temps, é uma iniciativa para os empregar. Acima temos a primeira página dessa primeira edição e comece-se por dar nota de como os tempos e os ritmos noticiosos de há 75 anos eram muito diferentes dos actuais: o destaque da edição vai ainda para a assinatura do tratado de aliança e assistência mútua que a França assinara em Moscovo com a União Soviética, de que aqui demos conta neste mesmo blogue em 10 de Dezembro. Por outro lado, sobre notícias mais recentes, como a contra-ofensiva das Ardenas, que começara anteontem (como aqui também recordámos), a cuidadosa escolha do título não é de molde a abonar em favor do novo jornal. De facto, qualificar depreciativamente o local escolhido pelos alemães para desencadear o seu ataque por «confins belgo-luxemburgueses» era esquecer que fora precisamente por aquele local nas Ardenas que os mesmos alemães haviam desencadeado a manobra que envolvera, derrotara e posteriormente aniquilara os exércitos franceses na Batalha de França da Primavera de 1940. A situação era muito mais séria do que o que ali se reconhecia e os generais aliados que não o soubessem! Malgré estes detalhes do dia do seu começo, o Le Monde prosperou e hoje uso-o como o jornal de referência em língua francesa. Hoje completa uns merecidos 75 anos.
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