14 dezembro 2019

A EXPULSÃO DA UNIÃO SOVIÉTICA DA SOCIEDADE DAS NAÇÕES (S.D.N.)

14 de Dezembro de 1939. Em Genebra, a Assembleia da Sociedade das Nações (S.D.N.) aprovava a moção em que se condenava a invasão da Finlândia pela União Soviética. Esta, que se recusara a comparecer para se explicar, é expulsa da organização. Tomando em conta que já o Japão, a Itália e a Alemanha haviam abandonado essa mesma organização, e que os Estados Unidos nunca dela haviam feito parte, por razões que aqui no blogue se têm vindo a descrever, e considerando sobretudo que estava uma grande guerra em curso, esta expulsão dos russos não tem grandes consequências práticas do ponto de vista da ordem internacional. Será, aliás, o último grande gesto da S.D.N. O Palácio das Nações de Genebra, onde a reunião teve lugar, não voltará a funcionar até ao fim da Segunda Guerra Mundial em 1945. Todo este assunto da expulsão dos soviéticos foi sempre tratado com pinças. Não apenas depois de Junho de 1941, quando a invasão da Alemanha, levou a União Soviética para o lado dos bons na História e se preferiu esquecer os tempos em que estivera do lado dos maus. Já na época se nota um esforço na informação em não se ser demasiado crítico para com os russos. Atente-se ao formato como a notícia acima do Diário de Lisboa se apresenta, em que em lado algum se consegue ler em título aquela que fora a decisão importante da Assembleia: a expulsão da União Soviética. E no entanto, é mais do que duvidoso que tanta precaução se devesse a cuidados com a censura oficial: o anti-comunismo congénito do Estado Novo torna pouco plausível que houvesse esse género de cuidados para com os soviéticos, aliás houvesse-os, a esses cuidados oficiais, e decerto não teria sido «o delegado de Portugal» a ler o relatório e a moção, conforme se pode ler no cabeçalho da notícia. O diplomata português teria sido decerto instado pelas Necessidades a dispensar a honra. Este circunlóquio da notícia parece dever-se a opção editorial.

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