Um dos processos defensivamente seguros que eu usei até hoje para seleccionar as minhas leituras era o de escolher títulos que houvessem sido galardoados por alguns dos conceituados prémios de literatura. Aqueles selos que normalmente acompanham o livro depois da atribuição do prémio (veja-se acima, para o Prémio Pulitzer), haviam-se tornado, pela experiência e mesmo que o assunto em causa não fosse, para mim, dos mais atractivos (como foi o caso de Emperor of All Maladies: A Biography of Cancer - Prémio Pulitzer de 2011 e já, felizmente, traduzido para português), o critério dos livros premiados, escrevia, tornara-se um método seguro de seleccionar leituras. Mesmo que o tópico se revelasse chato, o livro estava certamente muito bem escrito. Ora este Embracing Defeat: Japan in the Wake of World War II, que seleccionei para autoprenda de Natal deste anos, veio a revelar-se na demonstração que o critério terá as suas falhas. Entendamo-nos: o assunto em causa, a atitude dos japoneses nos anos que se seguiram imediatamente à sua derrota na Segunda Guerra Mundial é um assunto para mim muito interessante, sobre o qual pouco sei e, tanto quanto sei, pouco se sabe, tanto agora como na altura em que o livro foi publicado (recebeu o Prémio Pulitzer - entre vários outros galardões - em 2000). O livro tem conteúdo e por isso ensina o leitor e é naturalmente muito mais substanciado e desenvolvido do que qualquer página de wikipedia a respeito do assunto. Só que é insuportavelmente maçudo; é uma colecção encadeada de ensaios académicos. Não está em causa a competência científica do autor John W. Doner, apenas a sua vocação para transmitir os seus conhecimentos de forma atractiva. Abonará em favor do meu empenho ter lido este seu livro até um pouco mais de metade (p. 290) antes de o transferir para a galeria dos livros «a ler ulteriormente» (i.e., o mais provavelmente nunca). Não me vou alargar em comentários a um livro que quase ninguém quereria ler, ainda para mais depois de eu dizer mal dele, mas, tal o contraste com as experiências prévias, confesso a minha estranheza a respeito de qual terá sido a composição do júri Pulitzer naquele ano de 2000.
Boa noite. Os seus comentários deixaram-me curioso. Aqui estão:
ResponderEliminarhttps://www.pulitzer.org/board/2000
Muito obrigado por um excelente blogue.
Muito obrigado pelo comentário que complementa apropriadamente o que escrevi.
ResponderEliminarO endereço contém um somatório de currículos impressionante mas atenho-me à minha opinião que o produto final da sua eleição é particularmente aborrecido de ler.
Muito obrigado pelo elogio.