5 de Julho de 1979. Fundação da Aliança Democrática. Na notícia que o Diário de Lisboa (que, recorde-se, era um jornal politicamente hostil às formações que a constituíam) podia ler-se:
«A Frente Eleitoral, constituída pelo bloco PSD/CDS/PPM, quer um presidente de direita - concluí-se do texto do acordo assinado esta manhã na sede dos centristas, subscritos por Freitas do Amaral, Sá Carneiro e Gonçalo Ribeiro Teles.
Com efeito, as forças que subscrevem o documento reafirmam a sua disposição de exigir ao candidato comum que apoiarão nas eleições presidenciais de 1981, «um contrato político inequívoco, rigoroso e público.»
Mostrando-se convictos de que o entendimento a que finalmente chegaram «será a base para a derrota política da actual maioria socialista-comunista da Assembleia da República», os partidos signatários convergem na ideia de conferir «uma nova autoridade» ao Estado, acordando em defender «a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições legislativas no Outono próximo; a recusa de investidura parlamentar, pelo PSD e pelo CDS, de novos Governos de natureza apartidária antes de eleições gerais; a apresentação conjunta de um mesmo programa eleitoral de Governo e de uma mesma política económica de salvação nacional; a formação de um Governo de coligação formado com base na nova maioria e a corresponde recusa de participação em governos minoritários; e a legitimidade do referendo como inerente à soberania popular e compatível com a Constituição».
Segundo o acordo hoje assinado, os três partidos apresentar-se-ão, em princípio, ao eleitorado em listas separadas, admitindo contudo que, em certas áreas e circunstâncias, possam decidir-se pela apresentação em listas comuns.
O acordo será válido até ao termo da primeira legislatura que detiver poderes de revisão constitucional e não é extensivo aos Açores e à Madeira nem à administração do território de Macau.
A «clarificação política» que os três partidos desejam «não é compatível com a celebração por qualquer deles, de acordos de Governo com o PS e exclui, a partir da nova maioria, a participação deste último no Governo».
A notícia não é muito extensa, mas é informativamente muito rica. Ainda hoje está de parabéns quem a escreveu. Esta data da formação da AD perdeu-se durante décadas, até ter sido recuperada muito recentemente para uma formação de órfãos do PàF que a quiseram usar para que o seu projecto tivesse uma patine que não lhe pertencia: afinal, dois dos três signatários da fotografia acima estão vivos e nenhum deles quis ter nada a ver com Miguel Morgado e a rapaziada saudosa pelo regresso de Passos Coelho. Como na altura assinalei, nem mesmo Vasco Pulido Valente, que sempre adorou dizer coisas e recordar tempos em que se achou importante, meteu a sua colher no assunto. Três meses depois já não se ouve falar do assunto. O Observador bem tenta meter gás nestas iniciativas mas a mim bastou-me ver o nome do João Marques de Almeida associado à iniciativa para encomendar logo ao padre o funeral e a missa de sétimo dia da salada russa do Miguel Morgado. Adenda: como diria Mark Twain, reconheço que a minha notícia sobre a morte da iniciativa estará manifestamente exagerada: houve um jantar com 135 convivas. Esteve lá Passos Coelho, a indispensável referência do movimento, que, por acaso, naqueles seus anos de adolescência do final da década de 70, se seduzira com os comunistas e chegara até a ir a um congresso da UEC (1978).
Sem comentários:
Enviar um comentário