17 julho 2019

OS GRANDES NÚMEROS DOS GRANDES DEVEDORES, UMA ESPÉCIE DE NOVO GRANDE CONCURSO DA RTP

É sem a mínima malícia que eu confesso admitir que existe uma incompatibilidade entre o desejo de divulgar as listas dos grandes devedores à banca e as restrições impostas pela ética da preservação do sigilo bancário. Assim como admito que a solução a que acima se chegou seja o melhor compromisso possível entre a satisfação do primeiro sem abdicar da segunda. Mas os negociadores da solução também têm que ter a empatia de perceberem como é que terceiros, a opinião pública em benefício da qual a divulgação é feita, tendem a apreciar a lista que acabou por ser publicada, que afinal não (nos) esclarece quase nada, são apenas uns números de que desconhecemos a identidade. Sem investigação jornalística, sem inconfidências, aquele "012" da CGD, o "041" do BES e o "130" do Novo Banco têm para nós, leitores, uma personalidade tão rica quanto as bolas do sorteio do Totoloto. Embora o slogan do concurso se aplique aqui com toda a propriedade: foi fácil, foi barato, deu milhões!

Aliás, ainda a propósito de analogias, vem a propósito relembrar que os sorteios do Totoloto foram em geral momentos discretos, que, como na regulação bancária, só se tornavam memoráveis no caso das intervenções, muito escassas, das autoridades reguladoras do governo civil. O Banco de Portugal foi muito assim... Neste vídeo abaixo, aguardem pela saída do número suplementar, que me parece simbólico do grau de responsabilidades que se apuraram até agora em todo este assunto.

Sem comentários:

Enviar um comentário