Comecemos pelo que desconheço: quem foi o autor da fotografia, a data e o local precisos em que ela foi tirada. Mas o que se pode saber a seu respeito compensa. A começar pela identidade da figura em destaque, Bülent Ecevit (1925-2006), que foi primeiro-ministro da Turquia por quatro vezes (1974, 1977, 1978-79 e 1999-2002), nunca por muito tempo, que a política turca sempre teve idiossincrasias. O que dá valor à fotografia é evidenciá-las: um instantâneo de foto-jornalismo mostra Ecevit a subir para um estrado sobreelevado onde irá ser a figura de relevo de um comício eleitoral. Porém, o autor da foto preferiu eleger uma outra figura, sobrepondo-se ao orador, ainda ele não começou a falar: a pistola-metralhadora MP5 que é empunhada por um dos membros da sua segurança, dedo encostado ao gatilho, não se dê o caso de haver uma «interpelação» mais «veemente» da assistência. Sem ser preciso mais nada, apenas pelo poder da imagem, fica a sugestão que a política turca, que vai buscar muitas das suas características à herança helenística, não deve neste caso concreto grande coisa a Demóstenes. Erdoğan comprova-o.
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