15 de Julho de 1959. A greve dos trabalhadores siderúrgicos que então começava nos Estados Unidos era uma grande greve, envolvendo meio milhão de operários e ameaçando reduzir substancialmente a produção de aço norte-americana. Como se pode perceber pelo desenvolvimento da notícia acima, os grandes conflitos sindicais ocorridos nos outros países podiam não ser afinal problema que justificasse a intervenção da censura, que só se preocuparia em cortar as notícias daqueles que ocorriam cá em Portugal. Pelo contrário, se houve quem sempre se preocupasse em minimizar a importância daquilo que acontecia do outro lado do Atlântico, por muito "amplas e justas" que fossem as "lutas dos trabalhadores", foram os militantes comunistas que trabalhavam infiltrados no activismo sindical (ilegal e legalmente depois do 25 de Abril). O paradoxo não é assim tão difícil de compreender: na concepção dos comunistas, os interesses sindicais dos trabalhadores subordinam-se aos interesses políticos, ao contrário do que acontece no verdadeiro sindicalismo, de que este foi um caso emblemático pela sua dimensão. Estas notícias mostravam que na América também havia quem se opusesse ao capitalismo em prol dos trabalhadores, embora não da única forma que os comunistas preconizavam. A greve durou 116 dias, até 7 de Novembro de 1959 e o efeito combinado da duração e do número de trabalhadores em greve faz dela a segunda maior greve da História dos Estados Unidos, mas não imagino Arménio Carlos, caso a conheça, a dar-lhe a mínima importância. Quanto à avaliação das suas consequências, permanece controversa (leia-se aqui). Uma das consequências imediatas e de implicação mais longínqua da greve foi, para os Estados Unidos, o começo da importação de aço do exterior e a substituição progressiva da produção doméstica pela do estrangeiro, aquilo que Donald Trump tentou reverter o ano passado com a imposição de uma taxa de 25% sobre o aço importado.
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