Quem costuma frequentar estas paragens já se terá apercebido do fraquinho que tenho pelo humorista João Marques de Almeida. O seu estilo não é tão exuberante e primário quanto o de Ricardo Araújo Pereira, nem tem a acutilância de estilete do de Pedro Mexia, nem sequer a acidez contundente do de José Eduardo Martins, mas, como as desafinações do Conan Osiris (que há quem diga que é um génio), também os erros encadeados de análise e antecipação política de João Marques de Almeida parecem esconder a genialidade rebuscada do seu humor. Como consequência, só os seus leitores atentos é que compreendem que um vaticínio seu torna-se garantia de que vai acontecer o contrário. E isso, ou é absoluta genialidade, ou então é uma indulgência pela mediocridade de João Marques de Almeida - mas o Observador não ia manter por anos a fio um colaborador assim, pois não?...
É neste contexto de uma mensagem que contém precisamente a mensagem oposta à que aparenta ter, que se pode ler esta crónica do humorista, endossando o Mov 5.7 (que, cá para mim e no meu parco registo humorístico, até podia ter recebido o nome de Movimento António Mourão...), uma espécie de regresso ao passado à procura de uma referência para a confederação de uma data de opiniões da direita que se passeiam tresmalhadas por aí e que acham que devem fazer qualquer coisa. O endosso de João Marques de Almeida parece-me selar fatidicamente o destino dos esforços de quem se agrupa à volta de Miguel Morgado (que, só por curiosidade, ia fazer cinco anos no dia 5 de Julho de 1979 em que a AD for formalizada).
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