06 março 2019

O «HOMEM FORTE» DA GUINÉ EQUATORIAL

6 de Março de 1969. Não se chegaram a completar cinco meses para que a recém independente Guiné Equatorial adquirisse um «homem forte»... e acessoriamente começasse a perder a quase totalidade dos quadros espanhóis que faziam funcionar a sua economia e administração. A causa prendia-se com a degradação das relações entre o novo país e a antiga potência colonial, a Espanha. A notícia do Diário de Lisboa de há 50 anos dá conta da situação mas, por censura ou por ignorância, o relato não explica verdadeiramente aquilo que está a acontecer no novo país (e que se pode ler wikipedia). Os espanhóis estavam a contar controlar o novo país mas Francisco Macias, o inesperado vencedor das eleições que haviam organizado não estava pelos ajustes. E, quando os espanhóis tentaram motivar os seus opositores locais a promover um golpe de força, Macias matou-os a todos sem contemplações. Espanha viu-se na situação ridícula de dispor da força militar para depor Francisco Macias, mas não existir nenhum protagonista político alternativo que, suportada por ela, encarnasse a ficção de um poder político guineense. Macias apelou para a ONU; os espanhóis não podiam tornar a recolonizar o país. Até ao final do mês de Abril, evacuados apressadamente em navios da Armada espanhola e noutros navios civis espanhóis que estivessem no Golfo da Guiné, serão 6.800 os residentes espanhóis (o que corresponderá a uns 2,5% da população), acompanhados de mais de 500 viaturas (uma substantiva percentagem do parque automóvel guineense), que irão abandonar a Guiné Equatorial. É um episódio desconhecido e não muito dignificante da História recente de Espanha, mas não só: como aconteceu em tantos outros países africanos, a Guiné Equatorial iria atravessar um período de retrocesso que lhe custaria décadas a recuperar.

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