Hoje, como já há precisamente cinquenta anos, a Coreia do Norte exime-se de qualquer contenção quando o exercício é o da exibição no grande palco da cena internacional, ameaçando tudo e todos. A edição de 18 de Abril de 1967 do Diário de Lisboa dá-lhe este destaque de primeira página a um incidente envolvendo a projecção de um filme na sala de negociações conforme se percebe pela transcrição da notícia abaixo.
Panmunjon, 18 – A Coreia do Norte ameaçou hoje recorrer á força para impedir o comando das Nações Unidas de utilizar as reuniões da comissão militar de armistício para fins de «propaganda política mal intencionada».
Ambas as partes, durante a reunião de hoje, atribuíram á outra a responsabilidade das desordens que estalaram na reunião de sexta-feira passada e que terminou com o abandono da sala pela delegação norte-coreana, depois de os americanos terem passado um filme sobre a viagem do presidente Johnson á Coreia do Sul, em Novembro último.
O chefe da delegação comunista acusou o comando das Nações Unidas de, ao fazer propaganda política, estar a torpedear o acordo de armistício, que tem 4 anos*. «Deviam trazer Johnson para a conferência em vez de fitas de cinema. Se continuarem a servir-se deste local para fazerem propaganda política mal intencionada, não teremos outro remédio senão recorrer á força para o impedir».
O chefe da delegação das Nações Unidas, o general americano Richard Ciccolella, disse, por seu turno, que só mostrou o filme para refutar as afirmações comunistas de que o povo da Coreia do Sul estava a sofrer o «domínio imperialista americano».
Ciccolella disse também que a conferência estava a ser ameaçada pelas tácticas de violência usadas pelos norte-coreanos e recordou que um jovem oficial norte-coreano «comportando-se como uma fera, pegara num cinzeiro e ameaçara atirá-lo».
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