05 abril 2017

TERRORISMO DE ESTADO

5 de Abril de 1978. MPAIAC é a sigla para Movimento para a Autodeterminação e Independência do Arquipélago Canário. A melhor forma que encontro para descrever a organização é caracterizá-la como uma síntese entre a ETA (pelos métodos de guerrilha urbana e por combater o estado espanhol) e o PAIGC (pela postura pan-africana e pelos apoios políticos que recolhia). Há precisamente 39 anos, o seu líder histórico António Cubillo (1930-2012, abaixo, à esquerda) foi vitima de um atentado à porta da casa onde residia, em Argel. Cubillo foi apunhalado por um comando de operacionais que acabaram detidos. As autoridades argelinas não tardaram a estabelecer as conexões dos operacionais com as autoridades espanholas. O assunto gerou (e ainda gera) um daqueles incomodativos silêncios tácitos, tão característicos quando os serviços secretos de um país são apanhados em flagrante a fazer merda num país alheio. Só que, ao contrário do que aconteceu com Portugal, onde ainda agora se faz uma certa figura de ingénuo quando se buscam as autorias dos assassinatos equivalentes de Amílcar Cabral (abaixo) ou do moçambicano Eduardo Mondlane, neste caso o envolvimento do Estado espanhol terá sido tão flagrante que António Cubillo (que saiu permanentemente lesionado do atentado) acabou recebendo judicialmente uma indemnização de 150.000 euros do Estado espanhol, que lhe veio a ser concedida 25 anos depois.

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