08 abril 2017

CORRESPONDÊNCIA DE MARCEL PROUST

Vinte e um volumes com cartas de Marcel Proust. 100.000 cartas. 10.000 páginas impressas. Editados há quase 25 anos (abaixo), fica-me a curiosidade de conhecer as pessoas que as quiseram ler, integrais, às cartas e aos vinte e um volumes. Não as que as tiveram que as ler, por causa de qualquer homérico trabalho académico a que se houvessem proposto. Não as que os compraram, aos vinte e um volumes, porque o enfiamento de lombadas impressiona numa estante, e o nome do autor arrasta prestígio ao detentor. Não são esses. Intriga-me é quem serão os que quiseram e ainda queiram ler esta pequena compilação (10%, estima-se) da correspondência de Proust e que o façam apenas por razões lúdicas, do prazer da leitura. São pessoas tanto mais dignas de conhecer quando as mensagens escritas tendem a condensarem-se cada vez mais em tweets, os suportes que, por causa da escassez de caracteres, só permitem a expressão de uma inteligência sintética. E acende-se-me a dúvida: vivesse Proust no século XXI e toda esta prosa corresponderia a quantos anos ininterruptos a tweetar? E caberia tudo numa pen?

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