A pretexto da recente iniciativa de António José Seguro de (re)criar a figura de candidato a primeiro-ministro apresentado pelo PS que, pela lógica da sua eleição directa, será distinta da do secretário-geral, vale a pena evocar a única vez da já consolidada história daquele partido em que essa figura autónoma foi a votos. Aconteceu nas eleições legislativas disputadas em Outubro de 1985. Mário Soares, desgastado como primeiro-ministro do governo do Bloco Central e pretendendo preservar-se para as eleições presidenciais que se disputariam dali por três meses, fez lançar a candidatura à chefia do governo daquele que fora o seu ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares, António Almeida Santos, mantendo contudo a liderança do partido que lhe seria útil para as eleições que lhe interessavam (acima). A campanha eleitoral não terá sido a melhor: pedia-se 43% para governar Portugal e, ao especificar que fazia o que prometia, Almeida Santos parecia deixar subentendido que nem sempre fora assim que os seus antecessores se haviam comportado… O PS não conseguiu os 43% que Almeida Santos pedia. De facto, recebeu menos de metade disso (20,8%), um tombo de 850 mil votos, naquela que permanece percentualmente até hoje a pior votação nacional dos socialistas. Não é um bom augúrio. E António José Seguro, que já lá andava pela JS com os seus 23 anos, tem a obrigação de se lembrar do que aconteceu. Almeida Santos assegurava fazer o que prometia. Não sei é se António José Seguro compreende as implicações daquilo que promete.
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