Neste momento em que o desemprego caiu que nem uma martelada concreta sobre os profissionais de um certo grupo da imprensa escrita, analisemos o caso concreto da notícia acima publicada ontem num jornal desse mesmo grupo como exemplo da insustentabilidade do formato que os despedimentos pretendem preservar. Trata-se de uma notícia despretensiosa sobre um episódio despudorado de censura no Uganda. Onde? Uma parte dos leitores não sabe nem quer saber onde fica o Uganda, apenas lhe interessa saber que é num sítio rupestre, mas a restante sabe e não se contenta com a descrição medíocre do redactor da notícia: pequeno país pobre da África oriental. E é assim que podemos apreciar esse momento raro de uma caixa de comentários de um jornal: uma crítica fundamentada ao conteúdo do que acima fora escrito. O pequeno Uganda é três vezes maior que Portugal em área e população. Porém, todos, a começar pelo leitor que se deu ao trabalho de ali deixar o comentário, duvidaremos que aquele gesto possa provocar um sobressalto de competência no pequeno redactor da notícia que o leve, nas próximas vezes, a documentar-se melhor sobre os países sobre os quais venha a escrever: não o fará progredir na carreira, não o impedirá de ser despedido quando do próximo avanço para outra reestruturação. O leitor proactivo também descobrirá que ninguém se interessa pelas manifestações da sua erudição e abster-se-á de mais comentários. Resta saber o que manterá os jornais em circulação… A excelência dos conteúdos (como dizia Mário Crespo) é que não será, com certeza.
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