Em A Armadilha Diabólica, uma aventura de BD de Edgar Pierre Jacobs de 1960, o professor Mortimer foi transportado involuntariamente para o futuro, em época que ele não ainda conseguiu precisar quando das imagens acima. Nas suas explorações, algo surpreende o herói: a estranha ortografia das inscrições que ele vai lendo, até que aquilo que parece um epitáfio data os textos do Século XXI. E basta a leitura das asneiras que alguns dos nossos múltiplos amigos publicam no Facebook para nos demonstrar como se está perante uma daquelas antecipações concretizadas: chegados ao Século XXI, somos surpreendidos quotidianamente pela profundidade da ignorância de amigos que só sabem escrever como falam: ontem, e apenas para dar um exemplo assim mais caricato, um deles referia-se à Federação Portuguesa de Box (sic). As novas tecnologias parecem ter conferido uma renascida importância à expressão escrita como ela apenas tivera no apogeu da fase epistolar, só que agora, muito mais pública e disseminada, também contribui para uma outra reestratificação social, já não entre os que sabem ler e escrever e os analfabetos, mas entre aqueles que o sabem fazer correctamente e os outros.
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