Ainda a propósito da emigração portuguesa para França nos anos 60 e 70, e da importância simbólica que representou nela as bidonvilles (bairros da lata, ouça-se a música de José Cid), repare-se o contraste com o tratamento que lhes é dado pelos anfitriões. O mapa acima, também retirado do Atlas de l’immigration en France e elaborado com os dados oficiais de 1970, dá daqueles bairros uma imagem de uma dimensão inverosimilmente pequena: apesar da dimensão empregue nos gráficos acima (atenção à dupla escala que é diferente entre os arredores de Paris e o resto da França), com os números oficiais franceses da época existiria na região da grande Paris (7.369.387 habitantes) uma concentração de menos de 40 mil favelados de todas as nacionalidades (!), com a maior dessas bidonvilles, Champigny (predominantemente portuguesa ), a mal merecer o epíteto de ville (cidade) com os seus 14.025 habitantes… Não foram só as ditaduras de direita e de esquerda: as democracias mais prestigiadas também tiveram esse terrível hábito de dissimular os números dos seus miseráveis.
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