Uma descrição global, ainda que sucinta, do Império Austro-Húngaro será complexa e terá uma extensão um pouco superior aos textos a que venho habituando os leitores deste blogue. Por isso, e como fiz também num caso semelhante de um texto apresentando a composição étnica do Império Russo, também sugiro ao leitor que ponha a tocar o vídeo abaixo, onde pode ouvir a que creio ser a apropriada Marcha de Radetzky de Johann Strauss (não apenas interpretada por ocasião de um Concerto de Ano Novo, mas regida por esse expoente do germanismo musical que foi Herbert von Karajan), enquanto prossegue a leitura.
Formado por um processo de séculos de agregação de regiões através de casamentos oportunos, vitórias militares e negociações diplomáticas intensas cuja explicação iria superar várias vezes o texto que introduz, os contornos do que era então o Império Austríaco ganharam uma configuração mais estável em 1815, em consequência dos acordos do Congresso de Viena, que puseram fim a 20 anos de fronteiras europeias voláteis à conta dos caprichos de Napoleão Bonaparte.
Nos 99 anos que se seguiriam até ao dealbar da Primeira Guerra Mundial (que o viria a matar), o Império iria sofrer apenas pequenas alterações nas suas regiões constituintes, sem que isso reduzisse ou aumentasse significativamente a heterogeneidade física e étnica que o caracterizava. Em 1846 a cidade polaca de Cracóvia foi anexada. Em contrapartida, a Lombardia italiana (com a excepção de 4 cidades fortaleza que ficaram conhecidas por a Quadrilateral) foram cedidas em 1859; seguiu-se a cessão dessas cidades e do Véneto em 1866 para a Itália recém-unificada. Por sua vez em 1878, no Congresso de Berlim, aquele que passara a ser conhecido depois de 1867 por Império Austro-Húngaro, recebeu a administração da Bósnia-Herzegovina além dos direitos de ocupar militarmente uma outra região a sudeste dessa que era conhecida por Sandjak de Novi Pazar. Em 1908, a Bósnia e a Herzegovina, que haviam pertencido formalmente até aí aos otomanos foram anexadas enquanto os austro-húngaros abdicavam dos seus direitos de guarnição num Sandjak cobiçado e prestes a ser atacado por sérvios e montenegrinos.
Como se pode observar pelos dois mapas da Europa de 1815 e 1914, e comparando-os mentalmente com o da actualidade, a existência do Império simplificava sobremaneira a configuração das fronteiras políticas do velho continente. Basear-se nisso para o considerar como se fosse uma unidade natural constituída por regiões que se complementavam seria contudo um artifício, verdadeiro apenas no aspecto que se tratava de uma construção política gradual que evoluíra ajustando-se às circunstâncias de cada época. Por exemplo, a complementaridade, que mais se realçava ao nível económico entre as diversas regiões imperiais, fora mais uma consequência natural da fiscalidade aduaneira de um mercado comum, do que um impulso facilitado pelos ditames da geografia humana e/ou física. A unidade geográfica era coisa que não existia de todo nas terras atribuídas à Coroa imperial austríaca, a começar pelas que ainda restam na própria Áustria actual. A província de Vorarlberg faz naturalmente parte da Suíça e a do Tirol da Baviera; há mesmo algumas regiões do Tirol que são mais facilmente acessíveis pela Alemanha do que pelo resto da Áustria. A Caríntia e a maioria da Estíria estão separadas do vale do Danúbio por uma cadeia montanhosa e constituem, com a moderna Eslovénia uma região geográfica natural virada para o Mar Adriático e para Sul. Ainda às bordas do Adriático, a Dalmácia (que hoje faz parte da Croácia) não tinha qualquer ligação geográfica ou sequer económica com o resto das possessões dos Habsburgos, a não ser pelo facto de constituir, pelo clima e pela localização, o destino de férias veranis predilecto das suas elites.
Nesse núcleo geográfico, económico e cultural mais desenvolvido, definido grosseiramente pelo triângulo que une as cidades de Viena, Praga e Budapeste, descobre-se que a Boémia está separada da Morávia (ambas ainda hoje constituintes da República Checa) por uma cadeia montanhosa e que a via natural de relacionamento dessas duas regiões para o exterior deveria ser o curso do Elba e não o Danúbio e que o seu porto de comércio marítimo inerente seria, por causa disso, o de Hamburgo no Mar do Norte e não o de Trieste no Adriático. A ligação desse núcleo com a província conhecida por Galícia passava por uma pequena região, uma portela conhecida por Silésia austríaca. A Galícia caracterizava-se também por ter uma fronteira interna – com a Eslováquia húngara – vincadamente definida pela natureza – a crista dos Cárpatos – e uma fronteira internacional – com a Polónia russa – deambulando a sentimento pelo meio da planície do Vístula. Quanto à Bukovina, no extremo oriental, essa encontrava-se naturalmente isolada das regiões ocidentais e meridionais que a deveriam ligar ao resto do Império, um mistério dos humores dos negociadores dos Tratados de Viena. Ao menos as terras que faziam parte do Reino da Hungria eram geograficamente muito mais homogéneas, sobretudo se atendermos à grande planície que rodeava o médio Danúbio e os seus grandes afluentes. A excepção mais significativa a essa homogeneidade era a Croácia, contudo indispensável para que a Hungria possuísse uma saída autónoma para o mar.
As preocupações com o amor-próprio dos húngaros constituem aliás uma explicação para que, à medida que o Século XIX progredia e se investia em infra-estruturas de transporte, as que se construíam pelo Império mostrassem importantes anacronismos: não havia ligações ferroviárias entre a Morávia e o norte da Hungria (que hoje constitui a Eslováquia); também não havia uma ligação ferroviária directa entre Viena na Áustria e Zagreb na Croácia, tinha que se passar primeiro por Liubliana na Eslovénia e mesmo até por Budapeste na Hungria, se o tráfego fosse de mercadorias; não havia ligações ferroviárias entre a Dalmácia e a Croácia (actualmente as duas regiões fazem parte da Croácia) e também não havia praticamente nenhumas entre a Dalmácia e a Bósnia. À medida que o Século XIX evoluía e que o processo de industrialização acentuava as vantagens da estandartização, o Império Austro-Húngaro dissociava-se dessa tendência, cultivando os seus particularismos regionais e elevando a burocracia daí decorrente a um patamar que se pretendia ser de excelência. Recorrendo a um outro exemplo, enquanto as restantes potências europeias se encaminhavam para uma homogeneidade progressiva dos seus equipamentos e armamentos militares, fardando-se por igual e empregando o mesmo armamento, um traço identificativo cultivado pelos austro-húngaros continuava a ser a variedade dos seus uniformes militares…
Ao contrário do Império russo, de que apenas um censo (o de 1897) chegou a ter lugar, no Império Austro-Húngaro realizaram-se vários e as variações de uns para outros alertam-nos para os critérios tendenciosos como eram efectuados, favorecendo umas nacionalidades em detrimento de outras. O critério que servia de base à classificação era o idioma, um conceito que, excluída a hipótese do uso de mais de um, se prestava, como se imagina, a classificações criativas. O correspondente britânico do jornal The Times em Viena, muito provavelmente neutro quanto às disputas nacionais do Império Austro-Húngaro viu-se classificado nesse censo como alemão, por ser essa a língua que usava quando ia às compras… Mas, exceptuando alguns casos mais bizarros, especialmente na Hungria, onde a contagem das aldeias eslovacas tinha tendência a minimizá-las, os resultados dos censos nas regiões rurais, que constituíam uma substancial maioria da população e onde essa população tendia a exprimir-se num só idioma, são consideradas aceitáveis. O mesmo já não acontecia com os das cidades, onde a população era multilingue e tendia a responder em função da valia social dos idiomas que empregava. Os censos reportavam maiorias germânicas em cidades como Praga e Budapeste que, como os factos posteriores a 1918 comprovaram, rapidamente desapareceram porque muitos dos que as constituíam não passavam de checos e húngaros que reassumiram o seu idioma materno mal o alemão perdeu a sua valia social. Outros assimilados a alemães eram os judeus cuja língua materna era, na esmagadora maioria das vezes, o iídiche, foneticamente aparentada com o alemão, mas que não aparecia identificada separadamente nos censos, apesar do judaísmo ser a religião de cerca de 4,5% da população do Império.
Talvez o mais aborrecido de tudo aquilo que se escreveu até aqui sejam mesmo os resultados dos censos. No de 1910, o último que teve lugar antes do desmembramento do Império, numa população de 51,4 milhões de habitantes com que ele então já contava (praticamente dobrou a população que havia um século antes: 27 milhões), 12 milhões foram classificados como alemães (na realidade, e como se viu acima, declararam falar predominantemente o alemão em contactos sociais), 10 milhões como húngaros, 6,4 como checos, 5,0 como polacos, 4,4 servo-croatas, 4,0 ucranianos, 3,2 romenos, 2,0 eslovacos, 1,3 eslovenos e 0,8 italianos. A completar, uma maioria substancial confessava-se católica (39,4 milhões – 76,6%), mas havia minorias significativas de protestantes e ortodoxos (4,6 e 4,5 milhões), além de 2,3 milhões de judeus espalhados por todo o Império e ainda 700 mil muçulmanos no Sul. Claro que estes censos são genuinamente democráticos no sentido em que contam pessoas, não distinguindo o seu estrato económico cultural e social que influencia normalmente a sua consciência política e que na Austro-Hungria se tornava num sinónimo de consciência nacional. Havia nacionalidades que possuíam as suas próprias elites (alemãs, húngaras, polacas, até mesmo checas e italianas), outras não, as elites que existiam eram forçadas a exprimir-se - e assim contabilizadas - num outro idioma; as eslovacas, por exemplo, em húngaro; as romenas, em alemão. Mas, mesmo ficando-me por aqui, suponho que deixei algumas pistas que podem explicar porque a Europa Oriental evoluiu como evoluiu, não só no período entre as duas guerras (1919-1939), como nos anos que se seguiram (1945-1989), quando uma nova potência imperial, dessa vez a Rússia, a veio de novo hegemonizar.
É bom ver alguém que se interessa pela história da região. Mas, tem que começar a conhecer a história do início para compreender a região. Comece em 896 quando os húngaros chegaram na Bacia dos Cárpatos. Em relação com a primeira guerra...os poderes ocidentais ficavam cada vez mais fracos enquanto o bloco do centro-leste se desenvolvia tanto e com tanta velocidade que isso deixava-nos perplexos. Um dos principais objetivos foi destruir o novo polo crescente. Esse novo polo se constituía do Império Austro-Húngaro, o recém nascido estado alemão e o grande Império Otomano. As últimas gotas no copo para a guerra começar foram: 1.Petróleo já descoberto no Oriente-Médio 2. Tratado de comercio e plano para criar um próprio espaço económico ineterior no bloco do leste-europeu junto com o Oriente-Médio. 3. O nascimento do Banco Alemão ameçando a hegemónia no meercado financeiro dos ingleses e 4. A construção da Ferrovia Berlim-Bagdá que teria viabilizado uma integração muito poderosa para a região. Resumindo, o ocidente tinha que evitar o surgimento de uma nova potencia independente que ameçava o seu status quo. Para preservar isso ele tinha que destruir o fortalecimento e concretização de integridade desse novo bloco. O casus belli do assassinto foi um ato bem preparado por eles com agentes fortalecendo por dentro os sentimentos nacionalistas das diferentes etnias do Império. Tem que saber que o Reino Húngaro mantinha suas fronteiras durante mil anos ou seja o Tratado de Trianon foi mais do que destruidor para a nação que não somente dois terços de seu território, mas um terço de suas compatriotas húngaros também perdeu que os ocidentais colocaram em mão de, até então, minorias de outas etnias hostis. Plantaram assim uma fonte de conflitos étnicos para sempre que até hoje está presente. Mais ou menos isso aconteceu no Oriente-Médio também dando base aos conflitos e guerras sangrentos da região. Entre as duas guerras o principal objetivo do Reino Húngaro era recuperar as terras perdidas com suas compatriotas. Depois de perder a Segunda Guerra Mundial o Reino Húngaro foi trocado pelos comunistas a ser Estado Comunista. No Oriente-Médio os ocidentais colocaram em poder ditadores também. Na Hungria já é bastante aceitada a teoria segundo qual o comunismo somente foi impelemtado na região para os judeus se apropriarem dos bens dessas nações concentrando todos para depois privatizar tudo ou seja colocar em suas mãos, além de endividar esses estados financeiramente também virando-nos em colonias do século XXI. Os judeus entram na história concecendo o fato que eles foram responsáveis pelas teorias do socialismo (Marx por exemplo), pelo bolsevismo (Yagoda etc), Nos países do leste-europeu eles representavam essas ideas e eles executaram o comunismo como líderes nos regimes em si. Em 89' eles ficaram no poder se apropriando dos bens centralizados, além de oferecer alguns dos mais valiosos para suas redes de negócios internacionais. Assim aconteceu também que, a pesar de não ter nenhuma necessidade de soja brasileira na Hungria para dar comer aos porcos que temos tudo para dar à eles...esses sinistros resolveram que os ruralistas do Brasil (também judeus quase sem exceções) possam vender a soja brasileira até para a Hungria que nem precisaria disso. ... O mundo é bem complexo eu sei, mas tem sistema que mais ou menos é possível mapear em tempo e espaço...Mais ou menos é isso o que quis escrever aqui. Espero que tenha ajudado.
ResponderEliminar