09 fevereiro 2014

O REGRESSO A UMA OUTRA GUERRA-FRIA

Como a boémia de Aznavour, falo-vos de um tempo que os menores de 20 anos não podem conhecer. Só que este outro tempo foi muito menos lírico do que aquele que Aznavour cantou. Era o tempo em que se comparavam as performances técnicas dos armamentos dos nossos com os do previsível inimigo em publicações repletas de um calão específico, ilustradas com fotografias institucionais do armamento dos primeiros e furtivas e de longa distância dos segundos, estas últimas com uma estética inconfundível, a mesma que se pode apreciar na fotografia que encima este poste.
Só que estas fotografias são modernas. Foram tiradas na modernizadíssima base naval chinesa de Yulin e mostram-nos três submarinos SSBN – lá se regressa ao calão de outrora… – da classe Type 094 Jin de propulsão nuclear (acima), cada um deles equipado com 12 SLBMs JL-2, misseis transportando 3 ou 4 ogivas nucleares com uma potência estimada de 90 kton (ou seja, o equivalente a 90 mil toneladas de TNT) cada e com um alcance que se supõe cifrar-se nos 8.000 km. O Oeste dos Estados Unidos está assim ao alcance daqueles mísseis, mesmo no caso de eles serem lançados a partir do Mar da China Meridional.
Quanto à base naval de Yulin, ela fica na ilha de Hainan, no extremo meridional da China, a localização mais próxima que a China dispõe dos três estreitos asiáticos (Malaca, Sunda e Lombok) por onde passa anualmente mais de metade de toda a tonelagem mercante mundial. Como se pode ver no mapa abaixo, Yulin encontra-se a umas escassas 150 milhas náuticas (280 km) da antiga base norte-americana de Da Nang no Vietname e a 370 milhas (690 km) da de Cam Ranh, outrora utilizada pelos soviéticos, abandonada pelos russos, e agora, suprema ironia, oferecida de volta pelos vietnamitas ao seu antigo arqui-inimigo

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