La Tête d’un Homme é o título de um dos romances policiais iniciais (1931) de Georges Simenon, um dos raros casos em que o escritor belga põe a sua personagem, o famoso Comissário Maigret, a ultrapassar as fronteiras do verosímil. A história começa por uma fuga de um condenado à morte, fuga essa que é patrocinada pelo próprio Maigret que duvida da sua culpabilidade… Oito anos depois de Simenon ter congeminado tal ousadia (ainda por cima autorizada…) do Comissário, as execuções – recorrendo à tristemente célebre guilhotina – ainda eram cerimónias públicas que tinham lugar ao alvorecer. Contudo, por ocasião da execução que teve lugar em Versailles a 17 de Junho de 1939, o comportamento da multidão terá sido de tal forma desadequado à gravidade solene que se pretenderia atribuir àquele género de cerimónias (houve mesmo quem a fotografasse e mesmo quem a filmasse clandestinamente – abaixo), que o Presidente da República Albert Lebrun (1871-1950) resolveu proibir mais execuções naquelas mesmas condições. Passar-se-iam a realizar unicamente no interior dos estabelecimentos prisionais, perante uma audiência selecionada como a que enfeita a capa do livro acima.
Esclareça-se que a turbulência da multidão não se manifestou em quaisquer sinais de simpatia para com o executado: condenado por rapto e por seis assassinatos, o réu, de seu nome Eugen Weidmann (1908-1939), era, além disso, alemão… E a assistência nem sequer suspeitava que dali por dois meses e meio iria começar a Segunda Guerra Mundial…
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