14 setembro 2012

A POLÍTICA, PURA E DURA, COMO TODOS NÓS GOSTAMOS…

Não sei se ainda se recordarão da Dra. Rute Remédios, uma sexóloga inventada e representada por Herman José, senhora de uma ousadia despudorada e cuja expressão identificativa era «o sexo, puro e duro, como todos nós gostamos…» Parecia que por aquela cabeça jamais teria passado a hipótese que o sexo podia ser praticado de formas mais ternurentas. Não se tratando agora de métodos de praticar sexo mas sim das formas de expressão política, à eurodeputada bloquista Marisa Matias deu-lhe uma pancada muito semelhante no caso bem concreto das formas de expressão do nosso desagrado com as recentes propostas governativas.

Ainda pensei que a expressão quem faltar às manifestações deste Sábado está a dizer que aceita as medidas do governo fosse um empolamento jornalístico, mas quem se disponha a ouvir as suas declarações à Antena 1 aperceber-se-á que a transcrição é uma síntese correcta daquilo que ela disse. Atrás de um erro teórico crasso¹, parece haver ali uma tentativa grosseira de manipular a expressão do nosso enorme descontentamento para que se conclua que só pode existir a atitude preconizada por eles, radicais. Só nos faltava mesmo era, nesta confusão, virem-nos mais estes a dizer dogmática e totalitariamente que não há terceiras vias…
¹ Marisa Matias deveria saber que os Amanhãs que cantam que ela usa como imagem de um objectivo para que este governo nos aponta e nunca alcança, foram uma referência lírica (e agora irónica) aos futuros paraísos comunistas. É uma referência que tem uma conotação ideológica desajustada deste caso de capitalismo liberal. Poderia ter usado expressões como El Dorado ou Shangri-la mas suponho que isso seria pedir demais de Marisa Matias…

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