Começo por explicar como este poste surge por acidente. A ideia original era falar de perseverança – aí hei-de voltar noutro poste posterior – mas essa história começava pelas consequências de um episódio ocorrido durante a tentativa de golpe de estado de 11 de Março de 1975 que, pelos vistos, anda completamente desaparecido da blogosfera e da internet, em cronologias como esta feita por Daniel Oliveira há mais de três anos, ou em páginas institucionais como a do site histórico da RTP especialmente dedicado à cobertura televisiva daquele acontecimento, assim como outras páginas.
O episódio omisso a que me refiro é daqueles indesmentíveis na sua substância, porque foi filmado por uma equipa de televisão a trabalhar para uma cadeia estrangeira (salvo erro, francesa) que estava nas proximidades da porta de armas do então RAL 1* durante os acontecimentos. O que recordo do filme, que só anos depois passou em Portugal, mostra um Mini com dois ocupantes (um condutor e uma acompanhante) que abranda e pára perante uma barricada montada por militares diante do quartel. Não se percebe o que se terá passado enquanto o carro esteve parado, há várias versões sobre a troca de palavras…
As imagens de maior impacto surgem depois de fazerem sinal ao Mini para prosseguir, quando, à medida que o carro se afastava se começam a ouvir tiros esparsos até que o Mini acaba por parar. As câmaras aproximam-se dele e vê-se os dois ocupantes cobertos de sangue enquanto ainda se consegue ouvir da assistência um desagradabilíssimo Estes já não fazem mal a ninguém… Essas imagens, de origem estrangeira mas referentes a um importante acontecimento passado em Portugal, permaneceram por anos desconhecidas dos portugueses, num Portugal que se orgulhava do fim da censura e da liberdade da informação…
Em contraste, essas mesmas imagens foram transmitidas na altura por quase todas as televisões da Europa ocidental, causando ao PREC um verdadeiro desastre de relações públicas: o condutor morrera e a acompanhante ficara gravemente ferida. Numa tentativa de golpe que, apesar do espectáculo, provocara apenas, feliz e oficialmente um morto (o reverenciado soldado Luís, a última vítima do fascismo…) a omissão de 50% dos mortos resultantes dos acontecimentos, na pessoa de um transeunte civil morto à frente de quase todos os telespectadores europeus, foi uma decisão ridícula.
Torna-se penosamente ainda mais ridícula 32 anos depois. Já aqui me referi a como, não reconhecendo de maneira nenhuma o mérito, reconheço o esforço de Adelino Gomes em permanecer o guardião de uma certa verdade de certos episódios jornalísticos que ele cobriu de maneira particularmente facciosa, como é este caso do acontecimentos à volta do RAL 1 em 11 de Março de 1975. Ler-se o site da RTP a eles dedicado – com a inevitável fotografia e depoimento de Adelino Gomes – é extremamente instrutivo sobre uma forma de preservação de uma certa maneira de contar toda aquela história...
Escrito mais de 25 anos depois dos acontecimentos, mas preservado à época nas partes principais (como que cheirando a naftalina), todo o texto não esconde as suas simpatias pelo lado vencedor (que a menção a um assassinato de um civil por um destacamento de soldados demasiado nervosos do lado vencedor iria estragar…) e termina referindo-se a um irónico encontro entre Diniz de Almeida e o capitão dos pára-quedistas, como tudo se tratasse de um enredo de um western, com cow-boys e índios, onde nem vale a pena perder tempo a fixar o nome dos maus – no caso, o capitão dos pára-quedistas…
As imagens de maior impacto surgem depois de fazerem sinal ao Mini para prosseguir, quando, à medida que o carro se afastava se começam a ouvir tiros esparsos até que o Mini acaba por parar. As câmaras aproximam-se dele e vê-se os dois ocupantes cobertos de sangue enquanto ainda se consegue ouvir da assistência um desagradabilíssimo Estes já não fazem mal a ninguém… Essas imagens, de origem estrangeira mas referentes a um importante acontecimento passado em Portugal, permaneceram por anos desconhecidas dos portugueses, num Portugal que se orgulhava do fim da censura e da liberdade da informação…
Em contraste, essas mesmas imagens foram transmitidas na altura por quase todas as televisões da Europa ocidental, causando ao PREC um verdadeiro desastre de relações públicas: o condutor morrera e a acompanhante ficara gravemente ferida. Numa tentativa de golpe que, apesar do espectáculo, provocara apenas, feliz e oficialmente um morto (o reverenciado soldado Luís, a última vítima do fascismo…) a omissão de 50% dos mortos resultantes dos acontecimentos, na pessoa de um transeunte civil morto à frente de quase todos os telespectadores europeus, foi uma decisão ridícula.
Torna-se penosamente ainda mais ridícula 32 anos depois. Já aqui me referi a como, não reconhecendo de maneira nenhuma o mérito, reconheço o esforço de Adelino Gomes em permanecer o guardião de uma certa verdade de certos episódios jornalísticos que ele cobriu de maneira particularmente facciosa, como é este caso do acontecimentos à volta do RAL 1 em 11 de Março de 1975. Ler-se o site da RTP a eles dedicado – com a inevitável fotografia e depoimento de Adelino Gomes – é extremamente instrutivo sobre uma forma de preservação de uma certa maneira de contar toda aquela história...
Escrito mais de 25 anos depois dos acontecimentos, mas preservado à época nas partes principais (como que cheirando a naftalina), todo o texto não esconde as suas simpatias pelo lado vencedor (que a menção a um assassinato de um civil por um destacamento de soldados demasiado nervosos do lado vencedor iria estragar…) e termina referindo-se a um irónico encontro entre Diniz de Almeida e o capitão dos pára-quedistas, como tudo se tratasse de um enredo de um western, com cow-boys e índios, onde nem vale a pena perder tempo a fixar o nome dos maus – no caso, o capitão dos pára-quedistas…
Do Mini baleado, como de resto acontece nas outras referências que visitei, nem sombra… Foram omissões como esta que transformaram depois todo este assunto numa bandeira da direita (do jornal O Diabo) e seguidamente numa vitória sua, quando os responsáveis pelos disparos acabaram por ser levados a tribunal e julgados. Mas parece que há pessoas a quem nem mesmo a via experimental - deixem para lá o rigor histórico... - parece ensinar alguma coisa…
* A unidade só passou a designar-se por RALIS no seguimento dos acontecimentos do 11 de Março de 1975. Aliás, uma das anedotas imediatas dos acontecimentos foi a do seu resultado: RAL 1 Spínola 0.
Quero agradecer a fotografia central – retirada do blogue A Catedral.
Porque VIVI todo o Processo, anterior e após 25-A, posso garantir que, no essencial, o texto traduz o que se passou.
ResponderEliminarQuanto à síntese da questão, discordo, porque, todos sabemos que "aquilo" teve o cunho Soviético, "ajudado", pelos peões de brega de Cunhal- os micro partidos de extrema esquerda, em especial. o Mais violento e Criminoso, o PRP-BR, das assassina FP25.
Depois há-no mesmo dia e seguinte(11 e 12)as Estranhas Nacionalizações, do paranóico Vasco/Muralha...que, estou à vontade para escalpelizar. E há o capitão - Menor, o filho dos AM: Almeidsa(Minis...) mais conhecido, na época pelo "Fitipaldi dos ralis. explicarei, mais tarde, se a vossa curiosidade o solicitar!! melhores cumprimentos.
Agradeço o comentário, mas dispenso a explicação, já que a minha curiosidade está satisfeita a respeito do rigor da sua memória: a alcunha de Dinis de Almeida era «Fittipaldi (com dois tt) DAS CHAIMITES».
ResponderEliminarFittipaldi do nome do condutor brasileiro Emerson Fittipaldi que ganhara o campeonato mundial de Formula 1 no ano anterior (1974) e as Chaimites as viaturas blindadas de transporte de pessoal (vbtp) que o exército português então empregava e onde os "operacionais" do Copcon faziam grandes correrias Lisboa fora.
Mas obrigado pela disponibilidade.