02 julho 2007

OS CÃES LADRAM E A CARAVANA TENTA PASSAR

Sempre me pareceu, como regra geral, que o nosso interesse pelas situações bizarras não dependia apenas da bizarria da situação mas também da identidade do protagonista. É da própria natureza humana: por exemplo, o efeito cómico de uma escorregadela e queda de um cavalheiro bem vestido é muito superior ao de um mendigo andrajoso. Só que, falando em outras escorregadelas e em outros envolvidos, somos muitos os que nos queixamos aqui pela blogosfera como a oportunidade e a relevância das que vão sendo conhecidas dependem demasiado dos cabeçalhos da comunicação social tradicional.
Vai para uns dois anos, uma notícia do Público, detalhava os rendimentos declarados de Jorge Coelho (acima) no quadro das declarações obrigatórias dos titulares de cargos públicos. Entre os rendimentos contava-se um apetitoso salário mensal de 6.000 € brutos de uma empresa de consultoria chamada Congetmark de que Jorge Coelho era sócio-gerente. Parecia ser um tópico interessante e blogues como a Bloguitica, a Grande Loja do Queijo Limiano ou o Quintopoder fizeram eco das suas questões e também das iniciativas para questionar pessoalmente Jorge Coelho (e institucionalmente a própria Congetmark) por informações a respeito da referida empresa: qual a sua actividade principal, quais os seus principais clientes?
Infelizmente, ainda nos falta a nós, bloguistas, a perseverança de uma Vera Lagoa, que passou vários anos a fio a dedicar continuamente uma coluna da primeira página do seu semanário (O Diabo) sempre intitulada Antónia, Antónia!, a respeito do esquecimento votado aos acontecimentos à porta do Ralis de Março de 1975 e que haviam terminado com a morte do filho de Antónia… Eu bem sei que Coelho já não é coordenador autárquico, nem ocupa cargos cobiçáveis dentro do PS, e que Carlos Andrade (da Quadraturadocírculo) me informou que lhe havia endereçado as minhas perguntas a respeito da Congetmark – e eu acredito que o tenha feito… – mas sem êxito...
Mas eu sempre tive esta abordagem, porventura lírica, de que existe uma deontologia que está para além das conveniências e das invejas políticas e que foi desrespeitada nesta forma como Jorge Coelho, qual dromedário de uma enorme caravana de políticos, ignorou olimpicamente as perguntas (razoáveis) que lhe colocaram, a respeito da sua empresa de consultoria, em que ficámos por saber a quem consulta e sobre o que consulta… Com a mesma premência com que Vera Lagoa intitulava os seus artigos de Antónia, Antónia! deixem-me repetir – para mostrar que não está esquecida – a pergunta nunca respondida: Em que negócios e com quem andou envolvida a Congetmark?!

2 comentários:

  1. Olhe que o Coelho foi claro, "Quem se mete com o PS, leva".
    Porém, pelos vistos, quem só mete (ao bolso)não leva a transparência ao ponto de responder (leia-se explicar).
    Continuamos, pois, sem saber que consultas dá o sr. Coelho na toca da
    tal Congetmark.
    Com jeto vai, amigo Coelho!

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  2. Eu não me queria meter com o PS (julgo que o Coelho não é o PS...) mas também queria levar... uma resposta.

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