02 dezembro 2019

...ESSAS COISAS QUE COMEM OS POBRES...

Não sei se repararam com atenção para as fotografias que promovem a Operação Banco Alimentar da Tia Isabel Jonet mas, nesta época de dietas para tudo, também parece existir uma dieta aprovada para os pobres, pelo menos a atender à composição dos donativos: «farinha, massa, pão e essas coisas que comem os pobres...» - se atendermos à especificação acima da Susaninha, a amiga da Mafalda. Como já vi comentado por aí, numa das redes sociais, porque é que não aparece um benemérito excêntrico, que compre as mercearias que doa aos pobres na charcutaria fina do Corte Inglês? Ou alguns pobres não têm direito a provar umas latinhas de trufas ou de foie-gras? Olhem que os prazos de validade dessas latas costuma ser os mesmos do das salsichas...

9 comentários:

  1. Seja, seja, as tias dos jantares de gala são talvez uma maçada de revista cor-de-rosa. Sê-lo-ão, seja.

    Mas enquanto o estado nos saquear despudorada, inimputável e insaciavelmente, sem uma contrapartida minimamente proporcional, ao menos que as massas e outras coisas "que os pobres comem" lhes cheguem. E se chegarem será pela mão de "tias". Muito que isso revolte as Catarinas e os Jerónimos. Que tanto mais medram quanto mais miséria houver.

    É uma chatice. É, de facto. Mas é assim...

    Costa

    ResponderEliminar
  2. Típico comentário de rede social: «Sim, sim, sim, o que está lá escrito até tenho que reconhecer que é verdade, mas aquilo de que eu quero falar não tem nada a ver com o que está escrito no texto.»

    Pergunto eu: porque é que não se vai excitar lá num cantinho seu, muito próprio, com os Jerónimos e as Catarinas?

    ResponderEliminar
  3. Quanto a excitações, creia, dispenso o seu - decerto muito experimentado - conselho. Redes sociais, não frequento; tomo-as, do que delas vou sabendo (e ainda não me convenceram do contrário), como uma das materializações do triunfo da mais arrogante estupidez que impera por estes tempos. Sou quanto a elas, permita-me a presunção e salvaguardado o respeito pelo legado civilizacional romano, como um desses irredutíveis gauleses da minha juventude e que o seu blogue me tem, com tanto gosto, feito recordar. Mas das redes sociais, certamente, V. lá saberá.

    Quanto à substância do que comentei - a essencial desonestidade do estado e do poder de turno que nos pastoreia -, V. nada contradita. Desgraçadamente (se é esse o caso) há coisas, parece, que "legitimam" a estupidez das redes sociais.

    Costa

    ResponderEliminar
  4. Quanto à substância do que comentou, eu não tenho que o contraditar. Em primeiro lugar, porque o que escreveu não tem nada a ver com o conteúdo original do texto. Com jeito e imaginação até o imagino a evocar a Greta Thunberg e a pedir-me meças por não o ter rebatido. Em segundo lugar, e mais importante, porque a substância a que se refere, e vou-me socorrer das suas palavras - "a essencial desonestidade do estado e do poder de turno que nos pastoreia" - percebe-se a crítica, mas não as alternativas que possa defender.

    Aliás, e ainda a propósito da sua expressão "do poder de turno que nos pastoreia", confesso a minha bonomia ao ler-lhe os elogios que fizera à atitude dos irredutíveis gauleses, numa aldeia que era "pastoreada pelo poder" que, por sinal, "nunca mudava de turno": Panoramix e Astérix, quando contrapostos à substância do que comentou. Ora releia lá o enredo de "A Zaragata" que acabei de publicar... Nem chega a ser incoerente, é só cómico, mas concludentemente não chega a ser substantivo.

    ResponderEliminar
  5. Discordo quando afirma que o que eu escrevi "nada tem a ver com o conteúdo original do texto". Mas é claro que não me tem que contraditar. Nem V. de me contraditar, nem eu de lhe apresentar as alternativas que eu possa ter à descarada má-fé do poder de turno. Mais não seja porque não as tenho que ter. Bem vê, permita a analogia, não sou médico nem mecânico automóvel e isso não me rouba a legitimidade para me sentir doente ou aperceber-me de que algo está mal com o meu carro.

    Da Greta (V. é que aqui trouxe essa fraude), limito-me a achar inenarrável que uma miúda nascida no privilégio de uma das sociedades mais confortáveis, decerto com acesso a um excelente ensino, em vez de continuar os seus estudos e, uma vez com a legitimidade destes, contestar com reforçada autoridade o que entender contestar, decide fazer "greves climáticas" e passear-se pelo mundo (ou ser passeada, sabe-se lá com que financiamento), a guinchar frases feitas, evidências com quem toda a gente genericamente concorda e, agora (acabaria por acontecer, evidentemente...), sinistras alusões a fórmulas políticas da pior demagogia esquerdista. Os políticos babam-se, rebolando a seus pés (aquilo dará votos), as criancinhas deliram (eis O argumento para faltar às aulas). Ninguém lhe dá um berro e a manda estudar para os exames.

    Dos gauleses, meu caro, o que por aqui publica suscitou-me memórias felizes. É (foi) tudo.

    Costa

    ResponderEliminar
  6. O texto que lhe suscitou tantas considerações contém dois tópicos - e eu suponho que saberei do que estou a falar, dado que fui eu que o escrevi:

    a) O primeiro, explícito, tem a ver com a dieta, que a coreografia dos donativos circunscreve aos hidratos de carbono. Nestas ocasiões "não há" proteínas para os pobres, conforme se comprova pela imagem superior, com os artigos diante de Marcelo e a tira da Mafalda.

    b) O segundo tópico, implícito da imagem inferior, tem a ver com a exuberância como se pratica a benemerência. É que existem em Portugal centenas de organizações com os mesmos objectivos filantrópicos da da Isabel Jonet mas a elas nunca a comunicação social se refere com esta mesma promoção.

    O resto só existirá na sua imaginação. É evidente que pode pegar em qualquer daqueles dois tópicos e arrastá-los para onde quiser. Mas saiba que há uma diferença entre comentar "a propósito de" e comentar "com o pretexto de", que foi o que fez. E os pretextos tendem a ser despropositados.

    ResponderEliminar
  7. Ai foi o que fiz? Está bem, ficamos então assim.

    Costa

    ResponderEliminar
  8. ...já estávamos assim, e estivemos assim desde o princípio desta desnecessária troca de comentários. Tenho pena que o não tivesse compreendido logo.

    ResponderEliminar
  9. "O texto que lhe suscitou tantas considerações contém dois tópicos - e eu suponho que saberei do que estou a falar, dado que fui eu que o escrevi"

    Ahahahahahaha! Boa malha!

    ResponderEliminar