Os mais novos já não sabem quem foi Lorenzo Natali (1922-1989), o Comissário Europeu para o Alargamento entre 1977 e 1989 que durante a década de oitenta, quando aderimos à CEE, foi a sua face mais visível entre nós, um porreiraço com um nariz enorme e um sorriso franco – foi criado um prémio europeu de jornalismo com o seu nome – que aparecia a visitar-nos regularmente, equipado de uma caderneta de cheques que fazia as delícias de Mário Soares e de Mota Pinto (abaixo).
E que, como italiano, era considerado um dos nossos, o que tornava credível o seu empenho de nos querer (assim como aos espanhóis e aos gregos) dentro da CEE. Ora, um dos efeitos colaterais da política europeia é que a lógica tribal, semelhante aquela que vigora nos países africanos, pareceu adquirir muito mais lógica nos processos de eleição democrática, do que a tradicional lógica ideológica que prevalecera nas tradicionais eleições nacionais na Europa ao longo do Século XX...
Quando, para as próximas eleições para o parlamento europeu, aqueles que se pretendem apresentar como candidatos à presidência da Comissão Europeia vêm da Alemanha, do Luxemburgo, da Bélgica ou (outra vez) da Alemanha, é caso para nos perguntarmos qual deles é que é – se alguns deles o for… – o candidato da nossa tribo, a dos PIGS? Não perceber isso e andar a apascentar com uma jovialidade encenada um alemão de ideias autoritárias pelas ruas de Lisboa (abaixo) é não perceber nada de nada.
Adenda: Em mais um exibição da inteligência criativa que grassa pela campanha eleitoral, adiciono uma fotografia fresquinha da mesma pantomina agora protagonizada pelos do outro lado onde, a Assis, Seguro e Costa mais o alemão, se contrapõe Melo, Rio e Rangel mais o luxemburguês, todos equipados de bata e a olharem para um tapete rolante onde circulam umas embalagens de algo que se suspeita comestível. O que é intragável são estas cenografias pindéricas…
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