Ouvir Eduardo Catroga a enumerar descontraidamente os dois episódios em que terá dado tampa a convites posteriores para ocupar pastas governamentais numa entrevista que concedeu este fim-de-semana, desinibiu-me de cometer a deselegância simétrica de lembrar que, da primeira e única vez que ocupou um cargo governamental, o próprio foi apenas o quarto e último ministro a ocupar a pasta das Finanças dos governos de Cavaco Silva, depois de por lá terem passado Miguel Cadilhe, Miguel Beleza e (até mesmo) Braga de Macedo. Estava-se em Dezembro de 1993, sentia-se que o cavaquismo entrara num período – o do baixo cavaquismo – de que dificilmente recuperaria força anímica, e que o âmbito da escolha de candidatos para ocupar as pastas governamentais mais expostas já não era muito vasto. É neste ambiente de saldos de fim-de-estação, em que cada governante de saída recebia por sucessor alguém que lhe parecia inferior em capacidade, que Eduardo Catroga se dispôs a ocupar a pasta das Finanças. E, tivesse ele tino (esqueça-se lá a elegância), dever-se-ia lembrar que haverá decerto por aí quem também poderá dizer publicamente que rejeitou o cargo ministerial que Catroga veio a ocupar…
O que, atente-se, até nem tem nada de mais em si: vê-se tanta gente por aí bem vestida com artigos que compraram nos saldos!... O que não será adequado é chamarmos a atenção para esse facto, a não ser que o visado o faça em relação a terceiros, como aconteceu neste caso…
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