18 maio 2014

A «PASTEURIZAÇÃO» DA CENOGRAFIA POLÍTICA

Quando, em Maio de 2012, cerca de um ano completado depois da assinatura do memorando com a troika, Passos Coelho se dispôs a ir (passando-se por cidadão comum) à Feira do Livro, apanhou uma vaiadela que, apesar de organizada por um pequeno mas aguerrido comité de recepção (que depois se vieram a banalizar), se manifestou ruidosamente perante uma perturbadora indiferença do público presente no local. À época, o evento mereceu as honras de abertura de todos os telejornais (acima). As cerimónias de ontem celebrando o fim da vigência do memorando, dois anos suplementares entretanto passados, terão sido de muita alegria mas repare-se como elas decorreram em condições bacteriologicamente testadas, como tem sido norma dos actos governamentais desde então. É por isso que ler Passos Coelho numa entrevista recente garantindo não saber se as pessoas estão zangadas é só cinicamente provocador. Mas, se ele quiser mesmo saber, porque não voltar à Feira do Livro deste ano que abre a 29 de Maio? Nessa altura, as pessoas já votaram (ou não…) para as eleições europeias, mas estou certo que haverá sempre alguém disposto a acrescentar qualquer coisinha para ajudar o primeiro-ministro a esclarecer-se melhor sobre os estados de alma dos portugueses em geral…

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