William
Thompson, Lord Kelvin (1824-1907), foi uma das grandes referências científicas
do Século XIX, especialmente no – sempre desconfortável para mim… – campo da
física. Em sua homenagem, a unidade de medida da temperatura do Sistema Internacional recebeu o seu nome: o Kelvin (K). Acessoriamente e em contraste,
Lord Kelvin foi também o autor de algumas das maiores patacoadas publicamente proferidas
por um cientista de renome: em 1895 considerou que máquinas voadoras mais pesadas
que o ar eram impossíveis; em 1896 qualificou os raios X de uma fraude; em 1897
antecipou que a rádio não tinha futuro; em 1902 insistia novamente que nenhum balão
ou aeroplano viriam a ter qualquer utilidade prática.
É apenas
decente que a História prefira realçar as descobertas de Lord Kelvin e remeter
para um canto esquecido aquelas suas opiniões de septuagenário, mas isso não nos deve
impedir uma reflexão análoga sobre a validade das opiniões de todos aqueles
sábios de provecta idade que nos aparecem repetidamente na televisão a
opinar com segurança sobre os mais variados problemas actuais. Como se percebe flagrantemente pelo exemplo de Lord
Kelvin, os méritos de passado podem não ser garantia de valia na actualidade. Será
preferível escutá-los sempre com um polido cepticismo. O recente episódio Artur Baptista da Silva demonstra-nos que não podemos contar com os jornalistas para fazer a triagem por nós...
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