É conhecido como nem sempre sabemos dar valor àquilo que conseguimos manter. Atendendo à evolução do transporte aéreo, a permanência da TAP como companhia aérea nacional revela-se uma proeza. Em países europeus da mesma dimensão populacional da nossa (com 10,6 milhões de habitantes), as companhias de bandeira equivalentes desapareceram. Aconteceu com nomes históricos do transporte aéreo como a Sabena da Bélgica (11,0 milhões) e a Swissair suíça (7,9 milhões) em 2001, a Olympic grega (10,8 milhões) em 2009 e a Málev húngara (9,9 milhões) o ano passado. Esse resultado será fruto das circunstâncias históricas, do facto de termos tido um império colonial e/ou de existir uma diáspora portuguesa espalhada pelo mundo (actualmente em vias de se renovar e reforçar…), mas certamente parte do mérito pertencerá também à gestão da empresa.
Mas o propósito da introdução acima é, mais do que chamar a atenção para méritos que não têm sido reconhecidos, fornecer simplificadamente uma referência de grandeza de dimensão de uma companhia aérea: a TAP, que poderemos considerar uma empresa média do sector, explora actualmente uma frota de 55 aparelhos e tem uma encomenda de mais 12 (o futuro Airbus A-350). A referência é importante para avaliar o propósito dos países do Golfo, que se tornaram independentes há pouco mais de 40 anos (1971), e que têm vindo a utilizar os seus petrodólares para investirem em negócios globais (de que a televisão Al-Jazeera é um excelente exemplo), nomeadamente no transporte aéreo. E os investimentos são faraónicos. Começando pela menor, a Gulf Air do Bahrein (1,2 milhões de habitantes) explora uma frota de 35 aeronaves além de mais 42 encomendadas.
A Etihad Airways está baseada em Abu Dhabi, a capital do emirado homónimo (com uma população de 2,0 milhões), uma das unidades federadas dos Emirados Árabes, e a sua frota actual é composta por 67 aparelhos com mais 96 encomendados. A Qatar Airways é a companhia de bandeira desse país (1,9 milhões), com uma frota dupla da da TAP (118 aviões), perspectivando um crescimento exponencial (179 encomendas). Mas a campeã do optimismo é mesmo a Emirates, sedeada no Dubai (2,1 milhões), outra unidade dos Emirados Árabes, que adquiriu 191 aviões e se comprometeu a vir a adquirir outros tantos (192). Em conjunto, trata-se de uma frota composta por 411 aeronaves com compromissos para a aquisição de mais 509 nos próximos anos e intriga pensar onde é que estas companhias irão desencantar os passageiros que rentabilizem tais investimentos…
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