Em plena corrida ao armamento, no auge da Guerra-Fria, os norte-americanos marcaram para a Primavera de 1954 uma série de ensaios nucleares na ilha de Bikini, um remoto atol com uns escassos 6 km² de extensão, perdido na imensidão do Oceano Pacífico (acima). Baptizaram-na de Operação Castle. O primeiro teste da série de sete ensaios programados, que teve lugar a 1 de Março de 1954 e que foi baptizado de Castle Bravo, esteve quase para ser o último… O dispositivo ensaiado (abaixo) recebera o curioso nome de Shrimp (camarão), era um cilindro com 10.660 kg, 4,56 metros de comprido por 1,37 metros de diâmetro, devidamente ajustado ao compartimento de bombas de um B-47, o mais potente bombardeiro norte-americano nessa época.
Mas o que tornou o ensaio memorável foi o seu conteúdo. Explicando o que se passou de uma forma simplificada: o combustível escolhido para a reacção termonuclear foi o lítio, embora enriquecido. O lítio mais comum na natureza (92,5%) tem uma massa atómica de 7, mas o que era empregue no dispositivo fora artificialmente enriquecido a 40% com o isótopo lítio 6. Era com este último isótopo que se contava para alimentar o processo de fusão nuclear. Antecipava-se que a explosão viesse a ter uma potência equivalente à de 4 a 6 milhões de toneladas de TNT (abreviadamente 4 a 6 megatoneladas), 300 a 500 vezes superior à da bomba detonada sobre Hiroxima. Contudo, a surpresa com que os cientistas não contavam era que o lítio 7 também participaria na reacção de fusão…
A explosão teve o triplo da potência prevista: 15 megatoneladas e foi a maior explosão nuclear registada até então. A bola de fogo expandiu-se até atingir um diâmetro de 7 quilómetros. Equipamentos de registo ficaram destruídos, outros bastante danificados aprisionando quem ocupava os bunkers de observação. Mesmo quem estava nos navios a distâncias consideradas seguras – 30 milhas de distância – apanhou um susto… e uma dose anormal de radiação¹ por causa dos destroços incinerados que caíam do céu. Os 23 tripulantes de um barco pesqueiro japonês na rota da nuvem de destroços foram todos contaminados e um deles veio a morrer. A explosão criou uma cratera com 2 quilómetros de diâmetro e 75 metros de profundidade, que ainda hoje é reconhecível.
Mas na altura foi tudo abafado...
¹ 10 rads, sendo 1 rad a dosagem média que se recebe quando de uma radiografia ao torax.
Sem comentários:
Enviar um comentário