Portugal 1976. Uma banda experimental de raízes audivelmente urbanas dedica uma canção a um mundo rural já então em desaparecimento. Em Julho formara-se o primeiro governo constitucional. Depois de décadas das miragens de um Portugal multirracial e pluricontinental, seguidos de uns meses turbulentos de uma via original portuguesa rumo ao socialismo, Mário Soares oferecia então aos portugueses a Europa (abaixo) que, estando com ele, generosamente nos era disponibilizada. Actualmente, qualquer dos dois, Soares e o projecto europeu, parecem ter atingido a senilidade. O mundo rural então cantado de forma tão estilizada pela Banda do Casaco está hoje extinto e é preciso mesmo ter o descaramento de Cavaco Silva - agente activo dessa extinção - para apelar à sua ressurreição. Do título deste Canto de Amor e Trabalho, trabalho deixou de haver e amor tornou-se responsabilidade das organizações especializadas como a de Isabel Jonet. A canção continua bonita.
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