14 julho 2007

O NERD DO TEMPO DOS BEATLES

Não pretendo pronunciar-me sobre qual terá sido a intenção de Zita Seabra ao mencionar no seu livro um episódio colateral à sua história pessoal, em que o seu conterrâneo José Pacheco Pereira pretende também aderir ao partido comunista, pouco depois dela o ter feito, no final da década de sessenta. O engraçado da história – e não tenho qualquer dos dois intervenientes nela na conta de pessoas bem-humoradas – tal qual Zita Seabra a conta, é o pormenor do percurso que levara José Pacheco Pereira até ao pedido, tendo-se preparado teoricamente por sua própria iniciativa e, anómalo para a altura, discorrendo com propriedade sobre livros como O Capital de Marx ou o Materialismo e Empiriocriticísmo de Lenine (p. 27)…
Preparado teoricamente de antemão e por sua própria conta, ampliando o que hoje dele conhecemos, parece que o jovem José Pacheco Pereira já conseguia naquela altura conjugar uma inigualável capacidade individual de trabalho teórico (que hoje é reputada) com uma descomunal falta de sentido prático (exemplificado pelo seu texto de anteontem na revista Sábado), que Zita Seabra assinala e que irá acompanhar José Pacheco Pereira pelo resto da sua vida política. Por muito que ele não percebesse (e, se calhar, ainda não percebe…), que organização julgaria ele que o aceitaria, numa espécie de igreja onde ele se havia previamente auto-baptizado sem sacerdote ou numa espécie de maçonaria onde realizara todos os rituais de iniciação em sua própria casa?

2 comentários:

  1. Embora não reconheça sentido de humor em nenhum deles, JPP consegue o mais difícil: professar um "onanismo intelectual" que, muitas vezes, o deixa isolado... e triste!

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  2. Satisfeito de o ver numa nova "encarnação"!

    Creio que o seu isolamento também resulta da sua falta de cuidado em se moderar e ser mais persuasivo...

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