Sempre gostei de siglas e de as decifrar. Ainda me lembro de, depois de descobrir o significado de PAIGC, MPLA ou FNLA ficar a salivar de expectativa ao saber que o movimento guerrilheiro de Moçambique era a FRELIMO para me desapontar com o expediente traiçoeiro de terem criado um nome tão grande à custa das sílabas iniciais das palavras. Um dos meus entusiasmos do PREC era a profusão de siglas de que ainda hoje me lembro, ao contrário dos autores de um dos livros sobre o PREC*, que cometeram o pecado de aceitar o significado revisionista da segunda sigla do PRP-BR.
Também já por aqui devo ter mencionado o zénite da multiplicação das siglas, de umas eleições legislativas em 1980, onde a extrema-direita se agrupava por detrás de uma catrefa de letras maior que um comboio regional: PDC-MIRN/PDP-FN. Do que ainda não falei, foi das raras ocasiões em que os partidos mudaram de designação e, consequentemente, de sigla. Foi o que aconteceu, entre outros, ao PSD que, após três anos de existência, passou de Partido Popular Democrático (PPD) à designação actual de Partido Social-Democrata (PSD).
Entre os comunistas, é provável que deva ter saído uma directiva em que, certamente por pirraça política, sempre que houvesse necessidade de se referirem ao PSD, deveriam empregar a designação antiga: PPD. Notava-se que o gesto era sistemático e era, de certa forma, pouco caridoso, porque naquela época havia a prática de, quando se faziam referências às práticas dos comunistas de infiltração e controlo nas organizações do aparelho de Estado, o PCP era sempre tratado nessas ocasiões com o eufemismo de determinado partido político…
Se bem recordo, o responsável pelo acabar desse estado de coisas chamou-se Carlos Mota Pinto, quando se tornou presidente do PSD em 1984. Por um lado, ao reincorporar a sigla PPD para a designação do seu partido esvaziou as razões da pirraça dos comunistas; por outro ao tornar-se um dos pioneiros do abandono da regra do eufemismo de determinado partido político para as acusações mais contundentes às práticas menos democráticas, que substituiu por um directo e simples o partido comunista.
É por reconhecer que as siglas também podem servir de arma de arremesso político que hesito quando trato simplesmente o partido que Paulo Portas pretende agora recuperar pela sigla PP. A sigla oficial ainda é CDS/PP, e Portas, nesta sua última encarnação intelectual já só designa o partido pela primeira delas. Mas quem tem memória lembra-se de tempos em que acontecia precisamente o contrário e, embora a organização em si não tenha culpa dos inúmeros (e amplos) ziguezagues do discurso de um dos seus membros, parece estar sempre disposta a segui-los, quando ele os faz.
Também já por aqui devo ter mencionado o zénite da multiplicação das siglas, de umas eleições legislativas em 1980, onde a extrema-direita se agrupava por detrás de uma catrefa de letras maior que um comboio regional: PDC-MIRN/PDP-FN. Do que ainda não falei, foi das raras ocasiões em que os partidos mudaram de designação e, consequentemente, de sigla. Foi o que aconteceu, entre outros, ao PSD que, após três anos de existência, passou de Partido Popular Democrático (PPD) à designação actual de Partido Social-Democrata (PSD).
Entre os comunistas, é provável que deva ter saído uma directiva em que, certamente por pirraça política, sempre que houvesse necessidade de se referirem ao PSD, deveriam empregar a designação antiga: PPD. Notava-se que o gesto era sistemático e era, de certa forma, pouco caridoso, porque naquela época havia a prática de, quando se faziam referências às práticas dos comunistas de infiltração e controlo nas organizações do aparelho de Estado, o PCP era sempre tratado nessas ocasiões com o eufemismo de determinado partido político…
Se bem recordo, o responsável pelo acabar desse estado de coisas chamou-se Carlos Mota Pinto, quando se tornou presidente do PSD em 1984. Por um lado, ao reincorporar a sigla PPD para a designação do seu partido esvaziou as razões da pirraça dos comunistas; por outro ao tornar-se um dos pioneiros do abandono da regra do eufemismo de determinado partido político para as acusações mais contundentes às práticas menos democráticas, que substituiu por um directo e simples o partido comunista.
É por reconhecer que as siglas também podem servir de arma de arremesso político que hesito quando trato simplesmente o partido que Paulo Portas pretende agora recuperar pela sigla PP. A sigla oficial ainda é CDS/PP, e Portas, nesta sua última encarnação intelectual já só designa o partido pela primeira delas. Mas quem tem memória lembra-se de tempos em que acontecia precisamente o contrário e, embora a organização em si não tenha culpa dos inúmeros (e amplos) ziguezagues do discurso de um dos seus membros, parece estar sempre disposta a segui-los, quando ele os faz.
Nesse sentido até posso sentir alguma simpatia pela prática de José Pacheco Pereira, que é tão fixado em empregar a sigla PP para designar o partido do seu colega de programa** Lobo Xavier, como outrora o eram os dirigentes comunistas nas suas referências às políticas de recuperação do capitalismo do PPD. Só que a sigla PP que acho que se torna aceitável mencionar não é a de Partido Popular, um dos episódios em que Paulo Portas, directamente ou por interposta pessoa, tentou transmutar a direita numa outra coisa qualquer, refrescantemente diferente. PP torna-se a sigla do nome do próprio Paulo Portas, a sua organização que ele agora quer recuperar do curador, Ribeiro e Castro, a quem ele não a entregou…
* José Pedro Castanheira e Adelino Gomes, o jornalista que lá estava sempre por acaso. Um revisionismo recente transformou as legítimas Brigadas Revolucionárias do PREC numas inacreditáveis ( e mortiças) Bases pela Revolução...
** Quadratura do Círculo (SIC Notícias)
E eu a pensar que CDS queria dizer “Com Diogo Sempre” e que o resto não era paisagem mas assinatura: “Paulo Portas”!
ResponderEliminarComo as siglas podem enganar...
Não se percebe o revisionismo histórico. PRP-BR: Partido Revolucionário do Proletariado (Brigadas Revolucionárias), quais bases pela revolução! Ver no Tó Colante o cataz: http://tocolante.blogspot.com/2006/10/prp-br.html
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