30 março 2007

E SE ALEXANDRE MAGNO NÃO TIVESSE MORRIDO?

Confesso que não sou um grande entusiasta daqueles exercícios de história virtual, em que ela é reescrita considerando a eventualidade de que um ou mais acontecimentos considerados cruciais nunca tivessem acontecido. Alexandre Magno (acima – 356 a.C. – 323 a.C.), Rei da Macedónia, morreu ainda antes de perfazer 33 anos e, considerada a dimensão do Império que conquistou em vida (abaixo), deixa no ar a especulação da dimensão das suas conquistas no caso de não ter morrido com aquela idade.
Se calhar não estarei a responder directamente aos que levantam aquela questão especulativa, mas convém ter em conta como as conquistas de Alexandre se sobrepõem aos territórios que constituíam o Império Aqueménida (abaixo – podem comparar-se os contornos dos dois impérios) cujo poder militar o rei macedónio efectivamente destruiu em três grandes batalhas: Granico, Isso e Gaugamela. As acções militares posteriores do exército macedónio podem ser assimiladas ao restabelecimento das mesmas relações de supremacia que já vigoravam entre os estados vassalos e o anterior suserano persa, agora substituído.
As campanhas de Alexandre terminaram na Índia, quando os soldados gregos e macedónios do seu exército se recusaram a acompanhá-lo mais além e ele teve de regressar à Pérsia, com a intenção de formar um novo exército, maior, dispondo como recrutas das enormes reservas humanas dos territórios que havia conquistado na Ásia. Para a formação da sua lenda foi a altura ideal para morrer, antes dos imperativos das realidades políticas o fazerem dar muito mais atenção ao coração persa do Império que à periferia grega.
Será perfeita especulação adivinhar qual teria sido o objectivo das próximas campanhas de Alexandre: a península Arábica, a Índia Setentrional ou a Europa Mediterrânica? Mas o exemplo de Gengis Khan (retratado acima - 1162-1227), um conquistador que provavelmente terá superado os feitos de Alexandre, pode servir de indicador quão frágil é, geralmente, a coesão dos vastos impérios (abaixo, o de Gengis Khan à data da sua morte) resultantes da proeza de um grande conquistador.
Como morreu aos 33 anos, só com um herdeiro, o Império de Alexandre desmembrou-se em parcelas dirigidas pelos seus generais. O de Gengis Khan, que morreu com 65 anos e repleto de herdeiros, dividiu-se entre os seus filhos. E provavelmente teria sido esse o mesmo destino do Império de Alexandre caso ele tivesse morrido com a idade de Gengis Khan. É engraçado especular se as dimensões das suas conquistas superariam a do seu grande rival mongol, mas é muito provável que o dia seguinte ao da morte de Alexandre (porque ele teria de morrer, não é verdade?), fosse o do princípio do fim da unidade política do seu Império.

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