31 março 2007

CAMUFLAGEM OU OS CRUZADORES COM OUTRO NOME

Provavelmente, será de Sun Tzu e do seu livro normalmente conhecido por Arte da Guerra, que surgirão as referências escritas mais antigas (Século VI a.C.) à arte de dissimulação respeitante a assuntos militares. Que, tanto poderão servir para mostrar aos inimigos (ou potenciais inimigos) capacidades que não se possuem, como para lhes esconder outras que se pretendem utilizar beneficiando do efeito de surpresa. Por vezes, adicionam-se a estes outros factores de origem política autónoma que obrigam a que a dissimulação também se faça internamente.

Uma combinação de tudo isso pode actualmente apreciar-se na Marinha de Guerra japonesa que, por razões políticas óbvias se chama, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, Força de Auto Defesa Marítima do Japão. Com um efectivo de 46.000 homens, 120 navios e mais de 300 aeronaves (em termos operacionais conta-se, muito provavelmente, entre uma das cinco mais eficazes marinhas de guerra do mundo na actualidade) apetece fazer o comentário, no limiar da ironia, que o Japão está particularmente bem auto defendido.

A ficção da auto defesa militar – a única actividade que lhe foi permitida no pós guerra - tem obrigado os japoneses a tais excessos de dissimulação que chegam a tornar-se engraçados. Sem querer ser fastidiosamente técnico, é fácil compreender como a importância de um navio de guerra depende, entre outras coisas, da sua dimensão (que se designa por capacidade de deslocamento): quanto maior o navio for, aumentam quer a qualidade, quer a quantidade dos equipamentos militares que se podem instalar a bordo, tornando-se, por isso, o navio mais importante do ponto de vista militar.

Normal e simplificadamente, os navios de guerra de superfície são, por isso, classificados de acordo com a sua capacidade de deslocamento. Assim, por exemplo, e numa escala crescente de importância e tamanho, as marinhas possuem, além de outros navios menores, corvetas, fragatas, contratorpedeiros*, cruzadores e, substituindo os enormes couraçados de outrora e reservado apenas às marinhas de guerra mais poderosas, os porta-aviões. A cada uma das categorias mencionadas correspondem valores de orientação sobre as tonelagens de deslocamento.
Excepto no Japão, que continua a construir navios de guerra progressivamente maiores mas a classificá-los deliberadamente em categorias abaixo do deslocamento que efectivamente possuem. Quando normalmente têm um deslocamento que se situa entre as 5 e as 7.000 toneladas, os actuais contratorpedeiros japoneses da classe Kongo (acima) deslocam quase 9.500, quando totalmente equipados, o que os classificariam como cruzadores em quaisquer outras marinhas de guerra do mundo… Melhor exagero que esse, só mesmo o dos programados contratorpedeiros de helicópteros do futuro (abaixo) que, com 20.000 toneladas previstas, terão as dimensões de pequenos porta-aviões…
* Frequentemente usa-se a expressão inglesa equivalente: destroyer.

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